Lula recebe carta da sociedade com oito princípios para a Amazônia
Em evento no Musa, em Manaus, o candidato recebeu o projeto “Amazônia Viva: um pacto pela vida!”

Antônio Paulo, BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 31/08/2022 às 18:48 | Atualizado em: 31/08/2022 às 19:28
Na passagem do candidato a presidente Lula da Silva (PT) pelo Amazonas, nesta quarta-feira (31), o comitê popular de luta e resistência amazônica, formado por indígenas, ribeirinhos, trabalhadores, professores, cientistas, artistas e representantes dos movimentos sociais lhe entregaram uma carta.
Em evento simbólico ocorrido no Museu da Amazônia (Musa), no bairro Jorge Teixeira, zona leste de Manaus, o documento traz o projeto “Amazônia Viva: um pacto pela vida”, com oito princípios orientadores para um eventual governo Lula.
Ao apresentar as sugestões, os membros do comitê da sociedade civil afirmaram que um programa de governo popular, democrático e comprometido com os ideais da igualdade e da liberdade precisa assumir a realidade da Amazônia como questão nacional prioritária.
Tal objetivo é para cumprir a função constitucional de proteção dos povos tradicionais, segundo eles.
“Por tudo isso, Lula, acreditamos ser imperioso que o teu governo tenha a Amazônia como centro de suas ações de políticas públicas, com sua natureza, sua cultura, seus povos e seus territórios”.
Conforme os representantes disseram ao candidato, “o futuro das gerações depende de nossas escolhas do presente. Por isso, nós, amazônidas, propomos para o teu governo o programa ‘Amazônia viva: um pacto pela vida’”.
E complementaram a mensagem a Lula em nome dos habitantes do bioma:
“Entendemos que esse programa, como centro das questões fundamentais do teu governo, é de responsabilidade não apenas nossa, amazônidas, mas de toda a sociedade brasileira”, afirmam na carta.
De acordo com os movimentos sociais da Amazônia, uma sangria tomou o país: o povo foi massacrado, as florestas devastadas, as terras agredidas pelos agrotóxicos e os rios foram contaminados pelo mercúrio.
“Tudo isso em nome da invasão do agronegócio, do garimpo e dos interesses de camadas sociais que veem o país como um amplo pasto para seus lucros. Para elas, somos objetos a serem sujeitados à exploração e à dominação”, diz o documento entregue a Lula.
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Saberes roubados
Além do extrativismo dos recursos da natureza, nos últimos anos foram roubados os saberes dos povos, com a prática do extrativismo dos conhecimentos tradicionais.
Citam ainda o feminicídio, etnocídio, infanticídio, epistemícidio, genocídio: ações em prática que denotam uma barbárie contemporânea intensificada pela pandemia da covid-19.
“Mesmo assim, aqui estamos, sobrevivendo ao empenho genocida dos governos e dos que os apoiam. Resistimos e lutamos por nossas vidas e pela Amazônia, no passado e no presente”, finaliza a carta do comitê popular.
Oito princípios
Conheça os oito princípios do “Amazônia Viva”:
- Amazônia sustentável ― a sustentabilidade econômica e ecológica como princípio do desenvolvimento local e nacional:
- Amazônia tecnocientífica ― o desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação como garantia do desenvolvimento da sociedade;
- Amazônia plural ― como garantia do respeito às identidades étnicoculturais e de gênero;
- Amazônia cidadã ― como princípios fundamentais de cidadania e de garantia dos direitos humanos: saúde e educação de qualidade social e justiça;
- Amazônia étnica ― garantia de proteção aos territórios indígenas demarcados e garantia de demarcação e reconhecimento dos territórios e dos povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e caboclos;
- Amazônia integrada ― como princípio de integração e comunicação entre as cidades da região e de outras regiões do país, com boas estradas, transportes fluviais e aéreos seguros e baratos;
- Amazônia economia e trabalho ― com a implantação de políticas econômicas que garantam a criação de novos postos de trabalho, empregabilidade e salário justos;
- Amazônia protegida ― com a criação de mecanismos de segurança e de vigilância permanente voltados para a defesa da floresta e dos povos originários.
Foto: Divulgação