Por Iram Alfaia , de Brasília
A taxa de homicídios em Manaus subiu 16,1% de 2016 a 2017 quando alcançou 1.187 mortes violentas, um acréscimo de quase 200 casos. A capital amazonense é a sétima no ranking das que apontaram crescimento desse tipo de morte. 15 capitais registraram diminuição no número de casos. Em Belém, por exemplo, houve uma redução de 3,1% no número de assassinatos.
Na região Norte, Manaus fica atrás de Rio Branco (AC) com uma taxa de 35,2% e Boa Vista (RR) com 23,7%. Florianópolis (SC) com 70% e Fortaleza (CE) com 69% são líderes no aumento dos casos.
Os dados foram divulgados nesta segunda-feira, dia 5, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que analisou 310 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes em 2017 e fez um recorte regionalizado da violência no país.
O Atlas da Violência – Retrato dos Municípios Brasileiros 2019, elaborado em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostra que houve um crescimento dos assassinatos nas regiões Norte e Nordeste “influenciado, principalmente, pela guerra do narcotráfico, a rota do fluxo das drogas e o mercado ilícito de madeira e mogno nas zonas rurais.”
Leia mais
O levantamento apontou que, entre os municípios com mais de 100 mil habitantes, Jaú é cidade menos violenta, seguida de Indaiatuba e Valinhos, todas em São Paulo. No ranking dos 20 municípios menos violentos, 14 são paulistas. Nas cidades menos violentas, os indicadores de desenvolvimento humano são mais parecidos com os países desenvolvidos.
De acordo com o coordenador do estudo, o pesquisador Daniel Cerqueira, os municípios mais violentos têm 15 vezes mais homicídios relativamente que os menos violentos. “Em termos proporcionais, a diferença entre os municípios mais e menos violentes corresponde à diferença entre taxas do Brasil e da Europa”, compara.
Nos municípios mais violentos, o perfil socioeconômico é mais parecido com os países latino-americanos ou africanos: as pessoas, em geral, não têm acesso à educação, desenvolvimento infantil e mercado de trabalho.
Amazonas
Segundo o estudo, no Amazonas, as regiões do centro e do norte concentram o maior número de municípios com maior prevalência relativa de homicídios. Fazendo fronteira com a Venezuela e o estado de Roraima, o município de Barcelos obteve a maior taxa de homicídio do Amazonas 100,7 mortes para cada 100 mil habitantes. Já Coari (89,7) e Manaus (55,9) apresentam altas taxas de letalidade na região central do Estado
“Nesse estado, há a presença de duas grandes facções criminosas rivais: Família do Norte (FDN) e Primeiro Comando da Capital (PCC). A FDN teve origem em 2007, aliando-se ao Comando Vermelho (CV) em 2015, e possui o controle das rotas e do tráfico de drogas no estado, principalmente a rota do rio Solimões, responsável por escoara droga produzida no Peru e Bolívia”, diz o estudo.
O Atlas revela ainda que a disputa pelo controle das rotas de narcotráfico no estado constitui o pano de fundo de vários episódios de massacres e assassinatos, como a rebelião ocorrida no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), que durou mais de dezessete horas e resultou em pelo menos 56 mortes – considerado o maior massacre do sistema prisional do Amazonas.