Manaus continua com duas das maiores favelas do país, revela IBGE
Estudo põe o Amazonas entre as maiores populações de moradores de comunidades faveladas do país.

Adríssia Pinheiro, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 24/07/2025 às 11:07 | Atualizado em: 25/07/2025 às 17:24
A capital do Amazonas integra o grupo das cidades com as maiores favelas do Brasil em número de moradores, segundo dados do censo de 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2024.
O Cidade de Deus, na zona norte de Manaus, contíguo ao bairro Alfredo Nascimento, aparece como a quarta maior do país, com 55.821 moradores.
Logo em seguida vem a comunidade São Lucas, no bairro São José, zona leste, com 53.674 habitantes.
Além disso, entre as 20 favelas mais populosas do Brasil, oito estão na região Norte, sendo seis delas em Manaus.
A partir do censo de 2022, o instituto passou a considerar oficialmente essas áreas como aglomerados urbanos de pessoas de baixa renda, com acesso precário a políticas públicas, para facilitar a destinação de verbas e políticas federais específicas.
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A face da pobreza
As comunidades urbanas mapeadas em Manaus se concentram principalmente nas zonas Norte e Leste, e nas margens dos rios.
Nessas áreas, o acesso a infraestrutura básica é limitado.
Os dados da Síntese de Indicadores Sociais 2024, também do IBGE, reforçam esse cenário. Manaus apresenta taxa de pobreza de 62,3% em seu entorno.
O número revela que, embora a capital concentre boa parte da atividade econômica do estado, a desigualdade social permanece acentuada em seu perímetro urbano.
Entre as quase 400 mil moradias identificadas como favelas no estado, 55.692 não têm ligação com a rede geral de distribuição de água, por exemplo.
A vulnerabilidade também se reflete no perfil da população: 40,1% dos moradores dessas comunidades se declararam pretos, 35,5% brancos e 37,1% pardos.
São famílias que enfrentam dificuldade diária de acesso a serviços públicos, como transporte, saúde, educação e saneamento.
E, ainda, lidam com a configuração particular marcante dessa região, como à dimensão territorial e vulnerabilidade dos períodos de cheia e seca dos rios.
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Amazonas líder de favelização
No contexto dos estados, o Amazonas tem os índices mais altos do país.
Nada menos que 34,7% da população do estado vive em favelas e comunidades urbanas, seguido por Amapá (24,4%) e Pará (18,8%).
O estado também lidera na proporção de domicílios particulares permanentes ocupados dentro desses aglomerados urbanos: 36,3%.
Ao todo, são 392.287 moradias em favelas, abrigando 1.368.093 de pessoas .
Outro dado alarmante é que o Amazonas tem o maior percentual do país de população indígena vivendo em favelas: 17,9%, o equivalente a 87.988 pessoas.
No estado, a pobreza extrema atinge níveis ainda mais críticos no interior.
A região do vale do rio Purus, por exemplo, registra o maior índice do Brasil: 66,6% da população vive abaixo da linha da pobreza, definida pelo Banco Mundial como renda per capita inferior a US$ 6,85 por dia (R$ 665 por mês).
Foto: Tânia Rêgo