Manaus entra na fase de valas comuns para vítimas do coronavírus

A cena chocante foi registrada pela mídia depois que aumentou muito o número de sepultamentos no principal cemitério público da capital

Arthur diz que há coveiros em estado grave e indica cremação de corpos

Aguinaldo Rodrigues, da Redação

Publicado em: 21/04/2020 às 23:41 | Atualizado em: 21/04/2020 às 23:42

Caminhando para 2 mil contaminados, com 163 mortes até o início da tarde deste dia 21, Manaus já realiza enterro coletivo, em valas comuns. A cena chocante foi estampada pela mídia em fotos e vídeos que circulam pelas redes sociais.

E não é para menos essa situação, classificada pelo prefeito da capital, Arthur Virgílio Neto (PSDB), como calamidade. Logo, um estágio além do emergencial.

Como resultado de metade de uma população que não guarda recomendações de isolamento, Manaus responde hoje por 80% (1.809) de 2.270 casos confirmados de coronavírus no Amazonas.

Dessa forma, a prefeitura se viu obrigada a adotar as valas comuns no maior cemitério da cidade, o Nossa Senhora Aparecida, na mesma área de outro sepulcrário, o parque Tarumã.

 

Leia mais

Manaus registra 21 mortes em 24 horas. AM passa de 2 mil com coronavírus

 

Arthur Neto diz que trabalha para Manaus não virar Guayaquil

 

Sepultamentos constantes

Conforme a prefeitura, nos últimos dias houve aumento significativo do número de enterros. E, a se confirmar a evolução do coronavírus prevista pelas autoridades sanitárias, o sistema funerário também vai ao colapso.

Além dos 163 mortos só em Manaus, há 43 corpos aguardando resultado de exame para confirmar se havia contaminação do vírus.

Nesta segunda (20), o BNC Amazonas registrou fluxo constante de viaturas funerárias nos cemitérios do Tarumã. Até mesmo as empresas privadas já não conseguem responder à demanda por funerais. E apelam para que a população procure evitar ser contagiada pelo vírus e, consequentemente, chegar a óbitos.

Na área pública destinada a vítimas do coronavírus, caixões se acumulavam embaixo de uma tenda à espera de covas abertas por máquinas retroescavadeira e pá carregadeira.

 

Tenda com caixões à espera das valas que a retroescavadeira abre enquanto família sepulta e chora sua vítima
Foto: ©BNC Amazonas (20.04.2020)

 

Leia mais

Coronavírus toma toda Manaus e zonas norte e leste preocupam mais

 

“Se eu estivesse em Manaus, estaria extremamente preocupado”, diz Mandetta

 

Câmaras e escritório mortuários

Ao lado dessa providência, Arthur Neto também instalou dois contêineres-frigoríficos para corpos à espera de sepultamento. Dessa maneira, a viatura do SOS Funeral (serviço público da prefeitura) é liberada imediatamente para atender as chamadas frequentes ao longo do dia.

Diante da situação calamitosa, um escritório da prefeitura para dar vazão aos sepultamentos foi montado dentro do cemitério. Foi em um contêiner cedido gratuitamente por uma construtora.

De acordo com a prefeitura, a ideia é dar suporte a servidores e familiares das vítimas do coronavírus na hora do enterro.

Ligado ao SOS Funeral, o escritório fará a recepção e administração dos sepultamentos.

 

Fotos: Reprodução/vídeo