Médico negligente que vitimou paciente em 2018 só agora é denunciado
Caso foi em Novo Aripuanã, no sul do Amazonas, e acusação é de promotora do MP-AM

Publicado em: 10/07/2025 às 19:02 | Atualizado em: 10/07/2025 às 19:02
Representando o Ministério Público do Amazonas (MP-AM), a Promotoria de Justiça de Novo Aripuanã, no rio Madeira, sul do estado, denunciou à Justiça um médico da rede pública por homicídio culposo, por negligência profissional. O caso ocorreu em 2018.
A acusação é deste dia 8 de julho, pela promotora Jéssica Vitoriano Gomes, após os conselhos Regional (Cremam) e Federal de Medicina (CFM) confirmarem a responsabilidade do denunciado em decisão unânime.
Segundo a denúncia, os fatos ocorreram em 30 de junho de 2018, quando uma mulher deu entrada no Hospital Regional de Novo Aripuanã após sofrer um acidente de motocicleta.
Apesar do estado grave da paciente, que apresentava traumatismo craniano e sangramento, o médico plantonista permaneceu ausente do hospital durante toda a madrugada, mantendo-se em um hotel da cidade e limitando-se a dar orientações por telefone.
A vítima veio a óbito na manhã do dia seguinte, poucos minutos após a chegada do profissional à unidade de saúde.
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O quadro clínico da paciente se agravou durante a madrugada, com sintomas como vômitos, pico hipertensivo e sinais de deterioração neurológica.
De acordo com os relatos colhidos no inquérito, a equipe de enfermagem tentou contato com o médico diversas vezes, mas sem sucesso.
A denúncia destaca que a negligência foi comprovada não apenas pelas provas testemunhais e documentais, mas também pela decisão do Cremam e do CFM, que reconheceram a violação grave do dever de cuidado exigido pela profissão.
O MP-AM sustenta que a ausência do médico foi fator determinante para a morte da paciente, configurando crime de homicídio culposo, tipificado no artigo 121, § 3º, do Código Penal.
“Este caso representa uma grave violação dos deveres fundamentais da profissão médica. A medicina lida diretamente com vidas humanas, e condutas como a do denunciado — ausentar-se do hospital durante plantão e demonstrar indiferença diante de uma emergência — não podem, em hipótese alguma, ser admitidas ou toleradas pela sociedade”, afirmou a promotora Jéssica Vitoriano.
A denúncia foi encaminhada à vara única da comarca de Novo Aripuanã.
Foto: divulgação