Aguinaldo Rodrigues , da Redação
O sistema de segurança pública do Amazonas detectou pelo menos um grupo criminoso de milícia atuando em Manaus, principalmente nas invasões de terras Cidade das Luzes e Buritizal, nas zonas oeste e norte da capital, respectivamente. O comando das ações parte dos presídios da capital.
A atuação de pelo menos um desses grupos foi descoberta nesta semana e nove pessoas foram presas por suspeita de tráfico de drogas e venda ilegal de terrenos.
De acordo com o secretário de Segurança Pública (SSP-AM), Louismar Bonates, a polícia continua investigando outros criminosos enquanto tenta localizar um cemitério clandestino, destino das vítimas da milícia, conforme denúncia.
Bonates afirmou que a milícia montou barricadas nas invasões pensando em impedir a entrada dos policiais.
Essa milícia era investigada pela Polícia Civil, via Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO), desde janeiro deste ano e o grupo foi presa na operação Cidade das Trevas, realizada pela Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM) no dia 14.
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Vanessa Soriano, presa em casa luxuosa
Mulher de miliciano no luxo
Foram apreendidos com a milícia sete carros, 30 celulares, R$ 16,1 mil em espécie e documentos de venda de terrenos.
Segundo a polícia, um dos líderes do grupo é Reginaldo Soriano, vulgo “Baiaca”, preso no bairro Cidade Nova, zona norte. Ele é a ponte com presidiários e comandava as invasões de acordo com os interesses dos milicianos presos em Manaus.
Além de Soriano, foram presos Jocicley Mafra, Higson Seapra de Oliveira, Alex Braga Gomes, Rony Batista de Souza, Marcelo Braga de Araújo, Alex Farias de Castro, Gerlani Guimarães da Silva e Vanessa Soriano, filha do chefe e mulher de criminoso presidiário.
Vanessa mora em casa de luxo na zona norte, onde foi presa com três carros na garagem, inclusive um Corolla, além de R$ 14 mil em espécie.
Milicianos presos pela operação Cidade das Trevas eram investigados desde o início do ano
Grupo para expulsar e matar
O delegado-geral da Polícia Civil, Lázaro Ramos, disse que a milícia vendia lotes de pessoas que expulsava e agredia.
“Eles alugam, obrigam a pessoa a pagar, quando falha o pagamento, eles expulsam ou ameaçam de morte. Eles também obrigam a participar de tráfico de drogas. Têm um grupo para fazer esse trabalho”.
Pelo levantamento da polícia, 5 mil pessoas que moram nessas invasões eram exploradas pela milícia.
“A gente sabe que os líderes estão nos presídios e dão ordem para estes [grupo preso], que são o segundo escalão”, disse o diretor do DRCO, Sinval Barroso.
Anúbis contra grupo de homicidas
Nesta quinta, dia 16, a SSP-AM pôs a operação Anúbis nas ruas do bairro União, zona centro-sul, contra um grupo criminoso especializado em homicídios. São 170 policiais com mandados de prisão e busca e apreensão.
Investigação da Delegacia de Homicídios e Sequestros, da Polícia Civil, aponta que integrantes de facção criminosa do Rio de Janeiro se instalou no bairro, de onde saem para assassinar.
Um triplo homicídio em novembro de 2018 deu início à investigação contra o grupo envolvido também com o tráfico de drogas. Os primos Lucas Custódio de França, de 23 anos, Sarah Feitoza Custódio, de 19, e Igson Batalha Lima, de 18, foram sequestrados e torturados no bairro União, e depois assassinados. Os corpos foram desovados no conjunto Tiradentes, na zona leste da capital.
Operações tiveram apoio do grupamento aéreo da SSP
Mandantes já identificados
Na Anúbis foram presos seis acusados de assassinar pessoas em Manaus. Entre eles, Elielson Silva dos Santos, de 25 anos, o “ZL”, e Elielton Viana Barros, de 34, o “Pato”. A dupla seria a autora do triplo homicídio de 2018 e já está presa desde o início deste ano.
Outros presos são Arnison da Silva Gomes, de 31, um adolescente de 17 anos, e Manoel Júnior Almeida de Souza, de 25. David Lima dos Santos, de 28 anos, foi preso no centro de Manaus. Este usava o telefone da vítima meia hora depois de consumar o homicídio.
O secretário de Segurança Pública disse que os mandantes dos crimes já estão identificados e a polícia vai procurar prendê-los.
Com informações da assessoria de comunicação da SSP-AM
Fotos: Divulgação/SSP