O Ministério da Defesa alerta para uma seca severa nos meses de setembro a novembro em 14 estações de monitoramento na Amazônia. Neste último mês, a previsão é que a emergência climática chegue à bacia do rio Negro, afetando Manaus.
“Os níveis dos rios nessas estações podem chegar próximo da mínima histórica ou mesmo ultrapassá-la”, avisa o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), órgão ligado à Defesa.
Os municípios localizados nas bacias dos rios Madeira, Mearin, Negro, Solimoes, Tapajós e Tocantins/Araguaia serão os mais prejudicados.
Em setembro, a situação será crítica nos municípios rondoniense de Guajará-Mirim, Ji-Paraná e Porto Velho, todos no Madeira; os amazonenses Fonte Boa, Tabatinga, Rio Acre (AC), no Solimões; localidade de Pedreira (AM) no rio Mearin; e nos paraenses São Manoel (Tapajós), Conceição do Araguaia e Marabá, ambos na bacia do Tocantins/Araguaia.
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A previsão de seca severa em outubro é para o município de Itaituba (PA), na bacia do rio Tapajós.
Além de Manaus, a grave situação chegará em novembro aos municípios paraenses de Óbidos, bacia do Amazonas, e Santarém, no Tapajós
“Muito provavelmente, vamos ter um período de seca bastante significativo, próximo do que aconteceu em 2023, quando ocorreu a maior estiagem da história da região, considerando que os valores das cotas, neste momento, estão mais baixos do que os níveis registrados no ano passado”, disse Flavio Altieri, analista do Censipam.
Com base nos dados de satélites dos últimos dias, o analista afirmou que há registro de poucos chuvas na região com uma concentração pluviométrica mais ao Norte nas bacias do Solimões, Amazonas, Negro e Solimões. E muito pouca chuva no Madeira, Tapajós e no Tocantins/Araguaia.
Contudo, ele alerta que os dias consecutivos sem chuvas na parte Norte já está bastante significativo, sendo que na semana passada somente em um dia não foi registrado chuva em toda a bacia.
“A gente não consegue ver uma melhora de perspectiva de chuva”, afirmou Altieri.
De acordo com os dados, existem regiões que estão sem chuva há mais de 50 dias. Com base em modelos hidrológico-preditivos, as previsões apresentadas indicam uma redução significativa dos níveis de rios, em decorrência da baixa incidência de chuvas nas bacias hidrográficas.
Essas bacias possuem estações de monitoramento que são utilizadas pelo Sistema de Monitoramento e Alerta Hidrometeorológico (SipamHidro) do órgão.
A pasta da Defesa diz que o período de seca, assim como o de cheias, tem um impacto significativo em áreas como economia, meio ambiente, navegação, abastecimento e condições de moradia.
“O Censipam busca auxiliar os gestores governamentais e não governamentais nas decisões e nas estratégias de enfrentamento da estiagem na região amazônica”.
Foto: Ronaldo Siqueira/especial para o BNC