O ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, provocou jornalistas internacionais ao participar do G20 da Cultura, nesta sexta-feira (30), em Roma. Em entrevista à Rádio França Internacional (RFI), ele negou o aumento de queimadas na Amazônia e criticou o presidente francês, Emmanuel Macron .
“O que eu acho estranho é que, apesar destes dados que a Amazônia acabou, que a Amazônia está queimando, uma operadora francesa, a Vinci (Vinci Airports), comprou o aeroporto de Manaus, já que ela não acredita no potencial turístico do Brasil”, ironizou.
Disse que foram vendidos 22 aeroportos brasileiros. “Esperávamos em torno de R$ 600 milhões em arrecadação, tivemos 18 vezes o valor da arrecadação na concessão destes aeroportos.”
“Isso mostra que no mundo todo os investidores estão acreditando no Brasil. Mostra que o Brasil é a bola da vez no turismo de natureza. Mostra que não tem país no mundo mais preservado do que o Brasil, que diga-se de passagem”, gabou-se.
Para a emissora francesa, ele criticou diretamente Macron por ter proposto discutir no G20 as queimadas na Amazônia.
Disse que o presidente francês praticava fake news ao falar sobre a região. Em agosto do ano passado, Macron postou na rede social: “Nossa casa está queimando. Literalmente. A floresta amazônica, os pulmões que produzem 20% do oxigênio do nosso planeta, arde em chamas.”
Gilson Machado mostrou a postagem de Macron aos jornalistas e disse que a publicação causou enorme prejuízo ao país.
“Uma foto que foi publicada no Twitter do presidente francês, senhor Emmanuel Macron, dizendo ‘nossa casa está queimando’, como se o Brasil fosse a casa dele”, criticou.
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Queimadas
Com base nos dados do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe ), o Observatório do Clima apontou que o número de queimadas registrado na Amazônia em junho é o mais alto para o mês desde 2007.
“Foram 2.308 focos de incêndio, um aumento de 2,7% em relação a junho de 2020 e de 22,8% na comparação com o mesmo período de 2019. A temporada de fogo está só começando — o período crítico no bioma ocorre de julho a outubro”, lembrou.
“Na Amazônia, fogo e desmatamento andam de mãos dadas. Para combatê-los, é necessário muito empenho, ações estratégicas e repressão ao crime. Infelizmente, sabemos que o atual governo não fará nada disso. Ao contrário, Bolsonaro é hoje o principal responsável pela crescente destruição da maior floresta tropical do planeta”, afirmou Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima.
Foto: Governo federal