Miranda nega “rachadinha” e diz que há retaliação ao marido Greenwald

Aguinaldo Rodrigues
Publicado em: 11/09/2019 às 20:48 | Atualizado em: 11/09/2019 às 20:48
“Isso é uma retaliação óbvia sobre o trabalho que o Intercept e meu marido Gleen Greenwald têm feito”, reagiu o deputado federal David Miranda (Psol-RJ), após o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontar movimentações financeiras atípicas – de R$ 2,5 milhões – na conta dele. A publicação é do G1.
Os investigadores suspeitam que funcionários do gabinete devolviam parte dos salários aos parlamentar. Esse esquema é conhecido como “rachadinha”. As informações estão no portal G1.
Segundo o portal, as informações sobre a movimentação financeira de David Miranda (foto) apareceram numa investigação do Ministério Público do Rio para apurar supostas ilegalidades em gráficas no município de Mangaratiba, na Costa Verde.
A investigação, segundo o portal, começou em 2014 e não tinha relação com o deputado, que na época era vereador.
Miranda assumiu a cadeira na Câmara com a renúncia do então deputado reeleito pelo mesmo partido Jean Wyllys, que deixou o Brasil.
Uma reportagem publicada, nesta quarta-feira (11), pelo jornal O Globo afirma que David Miranda contratou serviços de uma das empresas investigadas e, por isso, acabou tendo as contas analisadas pelo Coaf – atualmente, o órgão é vinculado ao Banco Central e passou a se chamar UIF (Unidade de Inteligência Financeira).
Em nota, o deputado nega que tenha feito tal contratação, afirmando que os materiais de divulgação produzidos por ele sempre foram rodados no Rio e, poucas vezes, em Niterói, na Região Metropolitana.
O jornal revela que o relatório de inteligência financeira apontou “movimentação atípica” do deputado de R$ 2,5 milhões, entre abril de 2018 e março de 2019 – movimentação atípica não significa necessariamente ilegalidade, a não ser que a origem dos recursos seja ilícita.
O Coaf indica que R$ 1,3 milhão entrou na conta corrente do parlamentar, registrada em uma agência do Banco do Brasil que fica em Ipanema, na Zona Sul do Rio. As saídas somaram R$ 1,2 milhão.
O que diz Miranda
David Miranda disse nesta quarta-feira, em Brasília, que a abertura de investigação é uma retaliação ao trabalho do marido na divulgação de mensagens de autoridades da Lava Jato.
“Isso é uma retaliação óbvia sobre o trabalho que o Intercept e meu marido Gleen Greenwald têm feito porque essa investigação começa dois dias depois que Gleen começa a fazer as publicações”, disse Miranda.
Para justificar as movimentações, David Miranda afirmou que tem outras rendas além do salário como deputado e é sócio do marido numa empresa nos Estados Unidos.
Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados