A morte brutal de Raiele da Silva Santos, de 26 anos, em um garimpo de Itaituba, no Pará, expõe a rotina de violência e vulnerabilidade enfrentada por mulheres nas áreas de mineração ilegal na Amazônia. O corpo de Raiele foi encontrado em avançado estado de decomposição em seu quarto, com sinais de estupro e violência. Este não foi um caso isolado: a região registra frequentes episódios de feminicídio, exploração sexual e abusos que permanecem invisíveis às autoridades. Essas histórias são contatas na reportagem das jornalistas Thais Carrança e Mariana Schreiber Role, enviadas da BBC News Brasil/BBC 100 Mulheres a Itaituba, no Pará.
Crescimento do garimpo e aumento da violência
A expansão do garimpo ilegal de ouro na Amazônia dobrou em uma década, chegando a 220 mil hectares em 2023, impulsionada por preços altos do metal e falhas na fiscalização.
Segundo o Escritório da ONU sobre Drogas e Crime, mulheres em garimpos enfrentam violência física, sexual e emocional, agravadas por condições precárias e isolamento geográfico.
A luta pela sobrevivência no garimpo
Muitas mulheres, como Leide Dayane e Natalia Cavalcante, recorrem ao garimpo em busca de sustento. Dayane alterna trabalhos em cozinhas, bares e prostituição para criar seus filhos, enquanto Natalia, após enfrentar dívidas, tornou-se dona de um cabaré. Ambas relatam abusos, como ameaças de morte, e convivem com o ciclo de exploração e insegurança.
Invisibilidade e desafios estruturais
A falta de dados sobre as condições das mulheres no garimpo é um dos maiores obstáculos para enfrentar o problema.
Autoridades reconhecem a ausência de registros claros, enquanto a exploração sexual persiste, muitas vezes facilitada por redes sociais.
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Especialistas alertam para o impacto do ciclo de pobreza e a ausência de alternativas educacionais e econômicas nas comunidades da região.
A história de Raiele e outras mulheres evidencia a necessidade urgente de políticas públicas eficazes, fiscalização reforçada e ações que enfrentem as causas estruturais que perpetuam a exploração e violência nos garimpos da Amazônia.
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Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil