Mundurukus são recebidos por Mendes após 14 dias de bloqueio da Transamazônica

Os indígenas entregaram uma carta ao ministro, assinada por seis organizações, cobrando participação direta nas decisões sobre seus territórios.

Adrissia Pinheiro

Publicado em: 17/04/2025 às 08:39 | Atualizado em: 17/04/2025 às 08:39

Após 14 dias bloqueando a Transamazônica, BR-230, no Pará, indígenas mundurukus foram recebidos pelo ministro Gilmar Mendes no Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília. A principal reivindicação era a realização de uma reunião com o ministro, responsável pela Câmara de Conciliação da Corte.

Durante a audiência, os mundurukus criticaram a proposta de Mendes para substituir a Lei 14.701/2023, aprovada após o STF declarar inconstitucional o marco temporal. Embora a proposta extinga a tese, também prevê indenização a fazendeiros, o uso da Polícia Militar (PM) em despejos e a realização de obras públicas sem o consentimento indígena.

Além disso, os indígenas entregaram uma carta ao ministro, assinada por seis organizações, cobrando participação direta nas decisões sobre seus territórios. Eles destacaram que o STF tem promovido “reuniões fechadas, sem consulta livre, prévia e informada”, enquanto as demarcações seguem ameaçadas ou paradas.

Em 2024, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) abandonou a conciliação, apontando desequilíbrio nas negociações e decisões por maioria de votos. Sem essa representação indígena, permanecem na mesa de negociações representantes do agronegócio, do Congresso Nacional, de governos estaduais e de órgãos do governo federal.

Na carta, os mundurukus reafirmaram que decisões sobre terras indígenas devem respeitar a Constituição e a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

O protesto teve início em 25 de março, no trecho da BR-230 sobreposto à BR-163, uma rota estratégica do agronegócio entre o Pará e o Mato Grosso.

Durante o protesto, os indígenas denunciaram casos de violência por parte de caminhoneiros, como ameaças de atropelamento e disparos de arma de fogo. Por consequência, o Ministério Público Federal (MPF) abriu uma investigação criminal e solicitou informações à Polícia Federal (PF), à PM e à Polícia Rodoviária Federal (PRF).

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Foto: Antonio Augusto/STF