Noite de gala e emoção no lançamento do Festival de Ciranda de Manacapuru
Evento foi marcado pela grande participação do público, principalmente das torcidas organizadas das cirandas

Dassuem Nogueira, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 03/08/2024 às 15:39 | Atualizado em: 03/08/2024 às 15:39
O lançamento do 26º Festival de Ciranda de Manacapuru, no Teatro Amazonas, na noite do dia 2 de agosto, foi um convite ao vivo para o grande público “cirandear” no evento que ocorrerá com toda sua potência no cirandódromo de Manacapuru, o Parque do Ingá, nos dias 30 e 31 de agosto e 1º de setembro.
Quem não pôde ver ao vivo ainda pode assistir a edição especial do #Cirandas/BNC, que está no canal BNC Play, no YouTube.
Porém, a noite de gala das cirandas Flor Matizada, Guerreiros Mura e Tradicional, no Teatro Amazonas, começou antes, por volta das 18:30, quando se formava a fila do público presente na entrada principal.
O público diverso era formado por torcedores, por quem acompanha as cirandas pela televisão e por turistas que nunca tinham ouvido falar no festival de Manacapuru.
Além das torcidas organizadas das cirandas, que garantiram a animação do evento.
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Uma noite especial
Embora nunca tenha ido a Manacapuru ver o festival, Rosana Pantoja, 35 anos, manauara, já tem sua preferida.
Ela viu as cirandas pela primeira vez ao vivo no #Cirandas/BNC realizado no ano passado, na Casa de Praia Zezinho Corrêa.
E se apaixonou pela Flor Matizada. Por isso, quando soube que elas iriam se apresentar no teatro, marcou seu lugar cedo na fila.
Seu amigo, José Ricardo, 38 anos, de Novo Aripuanã, município localizado no rio Madeira, sempre acompanha o festival de cirandas pela TV.
Porém, ainda não tinha tido a oportunidade de vê-las ao vivo. Por esse motivo, acompanhava a amiga naquela noite.
Na mesma hora, via-se os pequenos grupos com camisas de suas agremiações indo rumo à entrada dos camarins nos fundos do Teatro Amazonas.
Heloísa Bastos, 17 anos, é estreante no cordão de cirandeiros da Flor Matizada.
Ela acompanhava seu par Emerson Lima, 25 anos, que já se apresentou duas vezes na área externa do teatro.
Para Emerson, “é grandioso saber que a gente venceu e que a gente está conquistando o nosso próprio espaço. Sempre fomos convidados para nos apresentar na área externa, esse ano vamos para dentro do teatro”.
Enquanto isso, no camarim reservado para a Guerreiros Mura, se arrumavam as divas da ciranda da Liberdade.
Entre figurinos e maquiagens, Sabrina Sales, porta-cores, contou que “eu já me apresentei no Teatro Amazonas, porque sou formada em dança pela UEA e fiz algumas apresentações. Mas, será a primeira vez que eu venho para representar a cultura de Manacapuru. É uma emoção diferente”.
Jéssica Alencar, princesa cirandeira, sobre a sensação de se apresentar no teatro.
“Bote emoção nisso, ansiedade. Se fôssemos a última ciranda a entrar, talvez a gente tivesse tempo de sentir mais ansiedade. Mas, como seremos a primeira, a correria não deixa muito espaço para o nervosismo”.
No camarim reservado ao cordão de cirandeiros muras, se arrumava Cristiane Matos, 36 anos.
Ela é a dançarina mais antiga do cordão de cirandeiros da Mura, há 20 anos defendendo as cores azul, vermelho e branco.

No camarim do cordão de cirandeiros da Tradicional, estava outro veterano: Hélio, 31 anos, dançando há 18 anos pela Tradicional.
“Estou me sentindo feliz porque é a primeira vez que venho aqui, então a expectativa é a melhor possível. A gente não quer que a nossa cultura fique só em Manacapuru, mas que a gente de todo o Amazonas conheça. Viemos fazer um lindo espetáculo!”.
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Torcidas presentes
Outro que ainda não tinha tido a oportunidade de entrar no Teatro Amazonas era um dos fundadores da torcida Raça Mura. Ele nos disse que “é emocionante para muitos que nunca entraram no teatro. Desde pequeno eu tenho vontade de entrar e ainda não tinha tido oportunidade. Tem sido algo incrível que muitos levarão para a vida”.
Ele nos disse ainda que a Raça Mura é a caçulinha das torcidas organizadas. Foram ao teatro com 66 membros em um ônibus e uma van para acompanhar a Mura da Liberdade.
A Torcida Organizada da Tradicional, a TOT, é a mais antiga das torcidas organizadas. E levaram ao teatro 42 dos cerca de 200 componentes, disse Augusto Santos, presidente da torcida.
A Família Matizada, a Fama, levou 40 pessoas. Mas, explicaram que são 20 organizadores que se ocupam de preparar os materiais e que não tem controle sobre o número de torcedores que se juntam a eles nos eventos da Matizada.
Disseram ainda que, independentemente do que for, a Fama se prepara para apresentar o seu melhor junto à Flor Matizada.
Turistas de sorte
Uma família de turistas gaúchos, moradores de São Paulo, havia chegado ontem mesmo em Manaus. Souberam do lançamento do festival de ciranda na visita guiada que fizeram naquela tarde no Teatro Amazonas.
Procuraram na internet informações sobre as cirandas de Manacapuru e lhes chamou atenção a grandiosidade das apresentações que viram nos vídeos do YouTube.
Ao mesmo tempo, jamais tinham ouvido falar nele. Entenderam que era um evento local ainda pouco divulgado nacionalmente.
Conversei com eles antes e depois das apresentações. Após verem as cirandas ao vivo, Maiara Pigatto e Daniel Oda, falaram que ficaram impressionados com o fato de as cirandas terem torcidas organizadas, e que tomam isso evidencia que são culturalmente fortes.

Oda disse: “não imaginava a potência do evento para região. Você vê entrega das torcidas, a gente não tem conhecimento disso. Fiquei impressionado com os figurinos e com o engajamento das torcidas”.
Para Maiara Pigatto: “você se dá conta de que o Brasil é muito grande e rico e que conhecemos pouco. Pelas apresentações, não é possível entender a dinâmica da festa, mas dá para ver que há um investimento alto pelos figurinos, muito ricos. A gente deu muita sorte de poder conhecer as cirandas logo no primeiro dia de visita a Manaus”.
Uma amostra do festival
A abertura das apresentações se deu com a Guerreiros Mura que levou ao palco coreografias de “Uma noite na floresta amazônica: sob o véu de Iaci”, tema da ciranda do bairro da Liberdade em 2024.
Destaca-se que a Guerreiros Mura, possui um elemento diferenciado que é a Garota Raça Mura, que representa a sua torcida organizada, de mesmo nome.
A Flor Matizada levou uma pequena amostra de “Um alvorecer matizado, um voo pela vida”. E fez uma provocação as demais cirandas quando o cordão de cirandeiros performou a sua própria torcida, a Fama, com bandeiras lilases em punho em pleno palco:
“É por isso que as adversárias não aceitaram torcida como item”, provocou o cantador Erinho Mendonça.
Ele referia-se à polêmica ocorrida semana passada quando as cirandas encerraram os debates a cerca do regulamento e a Flor Matizada foi voto vencido na tentativa de inclusão do item torcida como parte da disputa – as torcidas competem entre si como itens independentes, recebendo troféus e prêmios a parte do festival.
A ciranda Tradicional encerrou a noite com muito vermelho e dourado no palco do teatro. Fazendo jus ao nome, abriu o seu momento com os seus itens tradicionais: Seu Manelinho, Cupido, Galo Bonito e Constância, deixando um número especial para Seu Honorato e Mãe Benta.
No final, as três cirandas subiram ao palco fazendo uma explosão de cores e de cultura popular no santuário da cultura do Amazonas.
Fotos: BNC Amazonas