Por Iram Alfaia, de Brasília
Às vésperas da chegada de Jair Bolsonaro (PSL) a Manaus, onde ele participará nesta quinta-feira, dia 25, da reunião do Conselho de Administração da Suframa (CAS), deputados de oposição na Câmara dos Deputados anunciaram que vão convocar ministros da área de segurança do governo para dar explicações sobre o episódio envolvendo três policiais rodoviários federais que cobraram de professores informações sobre manifestações contra o presidente.
Armados, policiais chegaram na terça-feira, dia 23, pouco antes da reunião marcada para às 17h, na sede do Sindicato dos Trabalhadores da Educação no Amazonas (Sinteam), fazendo perguntas sobre a manifestação e diziam estar presentes ao local a mando do Exército.
“Eles disseram que estavam a mando do Exército Brasileiro, que está cuidando da segurança do presidente (…) Nós explicamos que todas as nossas manifestações são pacíficas. E que vamos exercer nosso direito democrático de discordar das ações do governo, pois entendemos que o estado, do jeito que está, não pode ficar”, disse ao BNC a presidente do Sinteam, Ana Cristina.
Como assim?
A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann, vê motivos para uma convocação de autoridades para dar explicações sobre o episódio.
“Como assim? Polícia em sindicato a pedido do exército para arapongar manifestações? Isso é muito, muito grave. Estamos caminhando pro fechamento de regime? Ministros da Defesa, do GSI e da Justiça tem de se explicar ao Congresso Nacional. Convocaremos”, anunciou.
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A vice-líder da Minoria na Câmara, Alice Portugal (PCdoB-BA), considerou a ação uma grave ameaça à democracia.
“A Constituição Federal garante o direito de reunião, de manifestação de ideias, da liberdade de pensamento e expressão. Essa ação com os professores em Manaus é uma grave ameaça à democracia. E Bolsonaro não pode transformar a PRF em polícia política”, criticou.
O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), diz que a reunião de sindicato invadida por policiais armados demonstra que o “Brasil está entrando numa espiral autoritária”.
“Isso é gravíssimo, inaceitável! Por mais que muitos não queiram, ainda existe uma Constituição nesse país e ela garante o direito de reunião e manifestação. A PF e o Ministério da Justiça devem explicações urgentes”, protestou o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).
Foto: Divulgação