Pazuello fez festa e mirava ‘saco preto’ na tragĂ©dia do oxigĂªnio no AM
Conheça outras revelações da ex-mulher do ministro da SaĂºde de Bolsonaro na covid

Publicado em: 27/10/2022 Ă s 13:57 | Atualizado em: 27/10/2022 Ă s 14:51
A ex-mulher do general Eduardo Pazuello, Andrea Barbosa, usou as redes sociais para fazer novas revelações sobre a atuaĂ§Ă£o do ex-ministro da SaĂºde durante a crise pela falta de oxigĂªnio em Manaus, no Amazonas.
Ela disse que Pazuello fez uma festa no auge do problema e que usou o estado do Amazonas como uma espĂ©cie de laboratĂ³rio humano para testar a imunidade de rebanho contra a covid-19.
Pazuello, eleito deputado pelo PL no Rio, chefiou o MinistĂ©rio da SaĂºde entre maio de 2020 e março de 2021 — no auge, portanto, da pandemia. Um dos capĂtulos mais dramĂ¡ticos da covid-19 no Brasil, que jĂ¡ matou 688 mil pessoas, foi o das mortes pela falta de oxigĂªnio em Manaus.
Colapso em Manaus
O problema ocorreu em janeiro de 2021, em meio Ă explosĂ£o de casos de covid-19 no estado do Amazonas. Naquela Ă©poca, o estoque de oxigĂªnio acabou em vĂ¡rios hospitais de Manaus, levando pacientes internados Ă morte por asfixia. O problema ganhou as capas de jornais e teve repercussĂ£o internacional.
Embora o auge da crise tenha ocorrido em janeiro, dados epidemiolĂ³gicos da covid-19 no Amazonas jĂ¡ mostravam um aumento exponencial de casos da doença e de mortes um mĂªs antes, segundo reportagem da Folha de S.Paulo.
Com nĂºmero de internados crescente e agravamento da pandemia na regiĂ£o, o governo do Amazonas chegou a editar um decreto com medidas de distanciamento social em 23 de dezembro. Criticado por comerciantes, o decreto foi revogado quatro dias depois.
O problema atingiu o Ă¡pice em 14 de janeiro de 2021, quando o sistema de saĂºde entrou em colapso. Naquele dia, o consumo de oxigĂªnio dobrou em relaĂ§Ă£o Ă primeira onda da covid-19.
Pacientes que precisavam de leitos nĂ£o conseguiam vagas e aqueles que jĂ¡ estavam internados nĂ£o tinham atendimento adequado.
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Revelações da ex de Pazuello
A dentista Andrea Barbosa, ex-mulher de Pazuello, disse que “nunca” vai “perdoar esse governo e quem compactuou com ele”. Ela negou que sua “indignaĂ§Ă£o” com a atual gestĂ£o tenha algum motivo pessoal.
Barbosa afirma que estava em Manaus durante a crise de oxigĂªnio, em janeiro de 2021, e diz ter presenciado quando a capital do Amazonas “foi feita de laboratĂ³rio para testar imunidade de rebanho (isso mesmo, aquela mesma que se testa em gados), quando a cloroquina, medicamento comprovadamente ineficaz era prescrita atĂ© para grĂ¡vidas em estado febril pelo aplicativo TratCov”.
“Eu estava lĂ¡ quando milhares de caixões eram enterrados em valas porque o cemitĂ©rio jĂ¡ nĂ£o tinha espaço e o presidente dizia que nĂ£o era coveiro e, portanto, nĂ£o tinha nada com isso. Eu vi gente que tinha muito dinheiro morrer sem oxigĂªnio na pista entrar na UTI aĂ©rea”, disse Barbosa.
“Vi gente que nĂ£o tinha o que comer morrer pelo mesmo motivo e nĂ£o ter recursos para enterrar seu ente querido”, escreveu, ressaltando que durante boa parte da pandemia o governo “negava a ciĂªncia e dizia nĂ£o Ă vacina”.
Conforme Barbosa, enquanto o paĂs vivenciava o caos com milhares de mortes diĂ¡rias provocadas pela covid, “nos bastidores a equipe do ministĂ©rio que distribuĂa cloroquina esbaldava-se de uĂsques caros e taifeiros do ExĂ©rcito servindo a alta burguesia da cidade sem oxigĂªnio”.
Ela tambĂ©m afirmou que Pazuello fez uma festa no auge da crise, teria debochado da situaĂ§Ă£o e dito que estava “preocupado em comprar os sacos pretos para enterrar os mortos da pandemia”.
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Foto: Jefferson Rudy/AgĂªncia Senado