A ex-mulher do general Eduardo Pazuello, Andrea Barbosa, usou as redes sociais para fazer novas revelações sobre a atuação do ex-ministro da Saúde durante a crise pela falta de oxigênio em Manaus, no Amazonas.
Ela disse que Pazuello fez uma festa no auge do problema e que usou o estado do Amazonas como uma espécie de laboratório humano para testar a imunidade de rebanho contra a covid-19.
Pazuello, eleito deputado pelo PL no Rio, chefiou o Ministério da Saúde entre maio de 2020 e março de 2021 — no auge, portanto, da pandemia. Um dos capítulos mais dramáticos da covid-19 no Brasil, que já matou 688 mil pessoas, foi o das mortes pela falta de oxigênio em Manaus.
Colapso em Manaus
O problema ocorreu em janeiro de 2021, em meio à explosão de casos de covid-19 no estado do Amazonas. Naquela época, o estoque de oxigênio acabou em vários hospitais de Manaus, levando pacientes internados à morte por asfixia. O problema ganhou as capas de jornais e teve repercussão internacional.
Embora o auge da crise tenha ocorrido em janeiro, dados epidemiológicos da covid-19 no Amazonas já mostravam um aumento exponencial de casos da doença e de mortes um mês antes, segundo reportagem da Folha de S.Paulo.
Com número de internados crescente e agravamento da pandemia na região, o governo do Amazonas chegou a editar um decreto com medidas de distanciamento social em 23 de dezembro. Criticado por comerciantes, o decreto foi revogado quatro dias depois.
O problema atingiu o ápice em 14 de janeiro de 2021, quando o sistema de saúde entrou em colapso. Naquele dia, o consumo de oxigênio dobrou em relação à primeira onda da covid-19.
Pacientes que precisavam de leitos não conseguiam vagas e aqueles que já estavam internados não tinham atendimento adequado.
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Revelações da ex de Pazuello
A dentista Andrea Barbosa, ex-mulher de Pazuello, disse que “nunca” vai “perdoar esse governo e quem compactuou com ele”. Ela negou que sua “indignação” com a atual gestão tenha algum motivo pessoal.
Barbosa afirma que estava em Manaus durante a crise de oxigênio, em janeiro de 2021, e diz ter presenciado quando a capital do Amazonas “foi feita de laboratório para testar imunidade de rebanho (isso mesmo, aquela mesma que se testa em gados), quando a cloroquina, medicamento comprovadamente ineficaz era prescrita até para grávidas em estado febril pelo aplicativo TratCov”.
“Eu estava lá quando milhares de caixões eram enterrados em valas porque o cemitério já não tinha espaço e o presidente dizia que não era coveiro e, portanto, não tinha nada com isso. Eu vi gente que tinha muito dinheiro morrer sem oxigênio na pista entrar na UTI aérea”, disse Barbosa.
“Vi gente que não tinha o que comer morrer pelo mesmo motivo e não ter recursos para enterrar seu ente querido”, escreveu, ressaltando que durante boa parte da pandemia o governo “negava a ciência e dizia não à vacina”.
Conforme Barbosa, enquanto o país vivenciava o caos com milhares de mortes diárias provocadas pela covid, “nos bastidores a equipe do ministério que distribuía cloroquina esbaldava-se de uísques caros e taifeiros do Exército servindo a alta burguesia da cidade sem oxigênio”.
Ela também afirmou que Pazuello fez uma festa no auge da crise, teria debochado da situação e dito que estava “preocupado em comprar os sacos pretos para enterrar os mortos da pandemia”.
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Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado