Pesquisador da Fiocruz alerta: ‘Vacina contra covid não faz milagre’

Das 26 pessoas que estão internadas em leitos de UTI destinados a tratamento da covid-19 no Amazonas, 19 nunca tomaram vacina contra a doença. Nem uma dose sequer

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Diamantino Junior

Publicado em: 23/10/2021 às 09:15 | Atualizado em: 23/10/2021 às 10:39

O pesquisador da Fiocruz/Amazônia Jesem Orellana diz que as pessoas continuam sendo infectadas pela covid-19 por acreditarem que com a imunização completa estão livres da doença.

“Algumas pessoas, mesmo com duas doses da vacina, seguem sendo infectadas por acreditarem, equivocadamente, que vacina faz milagre”, disse o cientista.

De acordo com Orellana, mortes por covid-19 seguem acontecendo, especialmente em não vacinados ou naqueles com o esquema incompleto.

 “Esses números reforçam que vacinas salvam vidas, mas não fazem milagre”.

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A análise do pesquisador foi demonstrada em números nesta semana pelo BNC Amazonas.

Das 26 pessoas que estão internadas em leitos de UTI destinados a tratamento da covid-19 no Amazonas, 19 nunca tomaram vacina contra a doença. Nem uma dose sequer.

Além disso, há também três pacientes que haviam recebido apenas a primeira dose do imunizante.

“Juntos, eles somam quase 85% dos amazonenses que ainda ocupam a alta complexidade para tratamento da covid-19.”

No Twitter, Orellana defendeu uso das máscaras de proteção contra o coronavírus.

  “Não acredito que deixemos de usar máscaras ou respiradores por completo, pois trata-se de uma medida que veio para ficar, independentemente da sua obrigatoriedade ou não”,

Ele citou o exemplo da Ásia, onde o uso de máscaras ou respiradores é uma prática cotidiana, anterior à pandemia.

Surto

Orellana também demonstrou preocupação com um surto da doença no alto rio  Solimões e a realização na capital de eventos como o Boi Manaus. “Tudo que não precisa”.

Em plena tríplice fronteira, o pesquisador disse que Benjamim Constant saiu de zero casos de coronavírus para 33 registrados nesta quinta-feira (21).

“Sem contar a esperada e grande subnotificação. Ou seja, há muito mais casos ocultos. Para piorar, o surto em uma escola estadual, (turma inteira de crianças/pré-adolescentes), segundo a imprensa local”, informou.

Na capital, a preocupação é com relato sobre professores doentes e morrendo após o retorno das aulas.

Apesar disso, existe a proposta de relaxamento do uso de máscaras e a realização de grandes eventos.

“Rússia em lockdown e Reino Unido recuando, em que pese o grande número de vacinados. A pandemia não acabou!”, alertou.

Foto: divulgação/Semcom