Pesquisador da Fiocruz alerta: AM pode ter entrado na 3ª onda da covid

No lugar de casos graves e mortes por Covid-19, prevalecerá casos assintomáticos e leves, diz Jessem Orellana

Amazonas registra quase mil novos casos de covid-19, nesta terça

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 01/11/2021 às 18:16 | Atualizado em: 03/11/2021 às 11:51

O pesquisador da Fiocruz/Amazônia Jesem Orellana vê com preocupação o aumento de internações hospitalares por Covid-19 no Amazonas.

De acordo com ele, é provável que o Estado tenha entrado na terceira onda da doença há algumas semanas.

“Mas como muitos estão vacinados ou já haviam sido expostos ao SARS-COV-2, em caso de contaminação, a maioria absoluta desses casos novos não é notificada, pois muitos ficam assintomáticos ou com quadros clínicos leves e não procuram o serviço de saúde”, disse ao BNC Amazonas.

Na avaliação dele, esse deve ser o tom da terceira onda no Amazonas. No lugar de casos graves e mortes por Covid-19, prevalecerá casos assintomáticos e leves.

Mas adverte que é preciso que nada relevante mude na estrutura do vírus com mutações ameaçadoras que possam dificultar a resposta da vacina.

“Em outras palavras, uma fase da epidemia onde é ainda mais difícil enxergar a disseminação viral ou uma janela de oportunidades para novas mutações ameaçadoras, como aquelas com potencial de evasão da resposta imune gerada pelas vacinas, o que seria um desastre”, explicou.

Para o cientista, o aumento de 42% nas hospitalizações é reflexo do “exagerado relaxamento nas medidas restritivas e na falsa sensação de que a vacina faz milagre.”

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Vigilância

Jesem Orellana continua reclamando da falta de vigilância epidemiológica no Estado. Disse que enquanto as hospitalizações aumentaram no Amazonas, a vigilância laboratorial desacelerou. “Ou seja, negligência sanitária e zero aprendizado”, criticou.

Ele explicou ainda que as internações refletem apenas uma parte do problema, pois há casos mais graves que tiveram acesso a rede hospitalar.

“Ou seja, se temos aumento nas internações quer dizer que há mais de 20-30 dias o número de casos aumentou e que esse crescimento só não é mais visível pela precária vigilância epidemiológica do estado, em especial a laboratorial”, afirmou.

Foto: Divulgação