Numa live promovida por profissionais da área de saúde do Instituto Federal do Amazonas (Ifam) em Lábrea, nesta sexta-feira (18), o pesquisador da Fiocruz/Amazônia Jesem Orellana manifestou preocupação com a elevação em Manaus do número de casos de síndrome respiratória aguda grave (Srag).
Como não houve redução na incidência de Srag e o número de casos de covid-19 (coronavírus ) continua alto, Orellana diz que o atual quadro epidemiológico na cidade é de retomada ou recrudescimento da segunda onda da doença.
Outra situação preocupante é que a capital pode voltar a registrar altos picos da doença, como ocorreu em abril e maio do ano passado, e “depois se estender a diferentes municípios com maior e menor gravidade.”
Numa entrevista ao BNC Amazonas , o pesquisador havia dito que para afirmar que Manaus estaria numa terceira onda, os números teriam que ter alcançado o mesmo patamar do que foi registrado em junho de 2020, quando atingiu os menores índices de contágio pela doença.
O pesquisador demonstrou preocupação com um novo pico da doença nos municípios. “Nenhum deles até hoje consegue fazer exame e possui leitos de UTI”, lamentou.
De acordo com ele, outro problema é a baixa testagem da população nos municípios, o que inviabiliza o acompanhamento da doença.
“O nível de transmissão comunitária pode aumentar no interior, mas não temos como monitorar por que não aderimos a campanha de testagem em massa. Nós não conseguimos acompanhar a dinâmica da transmissão nos municípios”, queixou-se.
Lembrou que os hospitais nos municípios continuam sem capacidade para atender a pacientes graves. “Não tem gente qualificada e equipamentos. A população ribeirinha, então, totalmente desassistida”, acusou.
Vacinação
Orellana afirmou ainda que o Amazonas está longe de atingir a imunidade coletiva ou de rebanho pela via vacinal.
Manaus, que registra o maior avanço da vacinação no estado, tem apenas 28% da população (2,2 milhões de habitantes) com a primeira dose e 13,5% com a segunda dose.
“Um valor muito aquém e distante do razoável para sentir os efeitos da imunidade coletiva ou imunidade de rebanho ”, explicou.
Além da capital, diz o pesquisador, todos os demais municípios estão com vacinação muito lenta.
“As prefeituras não falam sobre cobertura vacinal e restringe aos grupos prioritários para dar a ilusão de que estamos perto. Precisamos de vacinação coletiva e em massa, sem isso, não conseguimos alcançar o objetivo tão esperado da imunidade coletiva”, afirmou.
Foto: Sol Simões/FVS-AM