Pesquisador diz que é possível zerar o desmatamento na Amazônia
Aguinaldo Rodrigues
Publicado em: 28/09/2019 às 07:00 | Atualizado em: 30/09/2019 às 07:22
Por Iram Alfaia, de Brasília
O pesquisador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia(Ipam), Paulo Moutinho, disse que a sociedade brasileira provou, entre 2005 e 2012, que é capaz de zerar o desmatamento na Amazônia. Nesse período, as taxas de desmatamento na região caíram em aproximadamente 70%.
“Isso é muito importante na discussão atual da crise ambiental, especialmente na Amazônia. Nós já provamos ao mundo que somo capazes de reduzir o desmatamento, quiçá o de zerá-lo de maneira rápida”, disse ele durante audiência interativa da Comissão Mista de Mudança Climática (CMMC),esta semana, no Senado.
O Ipam, junto com outras ongs, fez parte do Grupo de Trabalho pelo Desmatamento Zero, que apresentou um relatório em 2017 na COP23, em Bonn, na Alemanha, contendo os eixos de ação para reduzir o desmatamento na Amazônia.
No estudo, são indicados caminhos para eliminar o desmatamento com benefícios ambientais, econômicos e sociais. São eles: implementação de políticas públicas ambientais efetivas e perenes; apoio a usos sustentáveis da floresta e melhores práticas agropecuárias; restrição drástica do mercado para produtos associados a novos desmatamentos; engajamento de eleitores, consumidores e investidores nos esforços de zerar o desmatamento.
Segundo o documento da época, mudanças no sistema de produção agropecuária, combate à grilagem de terras públicas, atuação do mercado e estímulo à economia florestal estão entre as ações mais urgentes para zerar o desmatamento.
“O estímulo à economia florestal por meio de programas de governo também precisa ser ampliado. A extração de produtos florestais rendeu cerca de R$ 3 bilhões na média de 2015 e 2016, dos quais R$ 1,8 bilhão são oriundos da exploração de madeira e R$ 537 milhões de extração de açaí”, diz um trecho do documento.
Na audiência, Paulo Moutinho explicou que há entre 15 milhões e 20 milhões de hectares desmatados, abandonados ou subutilizados na Amazônia. “Portanto se nós recuperarmos esses milhões de hectares para a produção agrícola não será mais necessário derrubar floresta na base do argumento de que precisamos avançar sobre ela para expandir a produção”, argumentou.
Outro ponto fundamental, segundo o pesquisador, está relacionado ao futuro do agronegócio.
“Esse pilar fundamental da economia do país depende da manutenção da floresta em pé, especialmente a Amazônia. É (floresta) o grande irrigador gigante do agronegócio brasileiro, sem esse serviço nos teremos problemas de produção”, preveniu.
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado