Por Iram Alfaia , de Brasília
O pesquisador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia(Ipam), Paulo Moutinho, disse que a sociedade brasileira provou, entre 2005 e 2012, que é capaz de zerar o desmatamento na Amazônia. Nesse período, as taxas de desmatamento na região caíram em aproximadamente 70%.
“Isso é muito importante na discussão atual da crise ambiental, especialmente na Amazônia. Nós já provamos ao mundo que somo capazes de reduzir o desmatamento, quiçá o de zerá-lo de maneira rápida”, disse ele durante audiência interativa da Comissão Mista de Mudança Climática (CMMC),esta semana, no Senado.
O Ipam, junto com outras ongs, fez parte do Grupo de Trabalho pelo Desmatamento Zero, que apresentou um relatório em 2017 na COP23 , em Bonn, na Alemanha, contendo os eixos de ação para reduzir o desmatamento na Amazônia.
No estudo, são indicados caminhos para eliminar o desmatamento com benefícios ambientais, econômicos e sociais. São eles: implementação de políticas públicas ambientais efetivas e perenes; apoio a usos sustentáveis da floresta e melhores práticas agropecuárias; restrição drástica do mercado para produtos associados a novos desmatamentos; engajamento de eleitores, consumidores e investidores nos esforços de zerar o desmatamento.
Segundo o documento da época, mudanças no sistema de produção agropecuária, combate à grilagem de terras públicas, atuação do mercado e estímulo à economia florestal estão entre as ações mais urgentes para zerar o desmatamento.
“O estímulo à economia florestal por meio de programas de governo também precisa ser ampliado. A extração de produtos florestais rendeu cerca de R$ 3 bilhões na média de 2015 e 2016, dos quais R$ 1,8 bilhão são oriundos da exploração de madeira e R$ 537 milhões de extração de açaí”, diz um trecho do documento.
Na audiência, Paulo Moutinho explicou que há entre 15 milhões e 20 milhões de hectares desmatados, abandonados ou subutilizados na Amazônia. “Portanto se nós recuperarmos esses milhões de hectares para a produção agrícola não será mais necessário derrubar floresta na base do argumento de que precisamos avançar sobre ela para expandir a produção”, argumentou.
Outro ponto fundamental, segundo o pesquisador, está relacionado ao futuro do agronegócio.
“Esse pilar fundamental da economia do país depende da manutenção da floresta em pé, especialmente a Amazônia. É (floresta) o grande irrigador gigante do agronegócio brasileiro, sem esse serviço nos teremos problemas de produção”, preveniu.
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado