Os transportadores de cargas pelos rios do Amazonas fizeram hoje (4) grave denúncia de falta total de segurança na navegação. Sindicato de empresas aponta que os “piratas” se vestem como se fossem da Marinha ou da polícia, usando até giroflex (alarme luminoso), sequestram a embarcação, fazem os tripulantes de reféns e chegam a navegar com a embarcação durante quatro dias, sem qualquer importunação.
A denúncia foi feita no programa “Manhã de Notícias”, a Ronaldo Tiradentes.
O alvo preferido dos “piratas” são as balsas com combustíveis e gás. Dessa forma, deixam um prejuízo milionário para as empresas. Em dois anos, esse prejuízo chegou a R$ 40 milhões, conforme o presidente do sindicato das empresas de transporte (Sindarma), Galdino Alencar.
De acordo com Alencar, os assaltantes agem em todos os rios do estado. Todavia, nos últimos tempos, o paraná do Mocambo, entre os portos de Itacoatiara e Parintins, no rio Amazonas, e o rio Madeira, que interliga Manaus e Porto Velho, a capital de Rondônia, são hoje os locais mais visados.
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Consequências danosas
Como resultado da falta de segurança no Amazonas para a navegação, duas consequências imediatas:
Em primeiro lugar, as seguradoras já se negam a fazer apólices para indenização de prejuízos. Por exemplo, para as cargas de combustíveis.
Desabastecimento é outra decorrência que pode afetar fortemente o interior do Amazonas. E também municípios de estados vizinhos como Pará, Roraima, Rondônia e Acre.
Por causa disso, as empresas já enfrentam dificuldade de embarcar a tripulação. Muitos marítimos se negam a fazer o trabalho em certos destinos.
Alencar afirmou que todo esse cenário preocupante já é de conhecimento da Marinha e da segurança pública do Amazonas há muito tempo. Inúmeras reuniões com essas autoridades já foram feitas, mas a ação dos “piratas” continua e crescendo.
Conforme o sindicalista, operações pontuais não resolvem e pioram a vida dos transportadores. Nos intervalos entre as operações, que geralmente são de quatro meses, os “piratas” ficam mais violentos e vingativos. Dessa maneira, agem com retaliação contra a tripulação, causando mutilações diversas.
De acordo com Alencar, o transporte de carga pelos rios do Amazonas está refém da falta de segurança. Ele cita uma dificuldade adicional: para fazer o BO (boletim de ocorrência) do assalto, só depois de dois a três dias de viagem no rio Madeira, por exemplo.
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Paralisação e desabastecimento
Como resultado desse cenário ruim, os transportadores podem parar os serviços. Para isso, dão o prazo de dez dias para providências das autoridades responsáveis pela segurança.
Para as empresas, a instalação de bases de vigilância na orla de Manaus, entre Itacoatiara e Parintins e no rio Madeira já vai inibir a atuação dos assaltantes.
Foto: reprodução/Sindarma