Poluição do ar diminui expectativa de vida no Amazonas em 2,7 anos
Problema está relacionado aos incêndios florestais na região.

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 03/09/2024 às 20:56 | Atualizado em: 04/09/2024 às 10:22
Pesquisa anual Air Quality Life Index (AQLI), divulgada pela Universidade de Chicago (EUA), que compara a qualidade do ar em relação aos padrões estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), diz que poluição do ar no Amazonas reduz a expectativa de vida em 2,7 anos no estado.
O problema está relacionado aos incêndios florestais. A pior situação é em Rondônia onde a expectativa de vida diminuiu em 3,2 anos por causa da poluição do ar.
No Acre, a pesquisa revela que a poluição reduz em torno de três anos a expectativa de vida.
O levantamento aponta que o maior índice de poluição do Brasil está na Amazônia em razão dos incêndios florestais, que já espalharam fumaça por dez estados do país.
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Para se ter ideia, a média brasileira é de 8,4 meses a menos de expectativa de vida diante da poluição do ar.
A situação é tão crítica que levou o epidemiologista da Fiocruz/Amazônia Jesem Orellana a recomendar o uso de máscara em Manaus.
“Cuidem-se, usem máscaras/respiradores (PFF2/N95) e evitem circular por áreas de intenso tráfico de veículos ou outras fontes de poluição, para dar alguns exemplos.
De acordo com o pesquisador, a capital amazonense amanhece sufocada pela fumaça.
“A qualidade do ar é péssima em diversas áreas da cidade. Infelizmente, tal como na pandemia de Covid-19, o laboratório a céu aberto chamado Amazonas segue sendo palco de descaradas ingerências, crimes e omissões. Sempre na certeza de impunidade”, critica.
“Não esperem por distribuição de máscaras, suspensão de aulas ou atividades de trabalho extenuantes ao ar livre em meio a fumaça tóxica, pois na pandemia de Covid-19, providencias mais severas só foram tomadas tardiamente”, lembra Orellana.
“Em novembro do ano passado, o material particulado em Manaus, pelas queimadas, chegou a 400 microgramas por metro cúbico (µg/m3), quando a Organização Mundial de Saúde preconiza que o nível não ultrapasse 45 microgramas por metro cúbico”, disse a pesquisadora do Instituto Ar, Evangelina Araújo.
A pesquisa destaca que a situação pode ser revertida com a adoção de medidas para manter o ar puro, no caso da região amazônica, principalmente um controle efetivo sobre as queimadas.
Sendo assim, o governo precisa ser mais rigoroso na fiscalização e no combate ao desmatamento.
Foto: divulgação/ses-am