Sergipe quer apoio de Lula para explorar potássio no lugar do Amazonas

Senador Rogério Carvalho (PT) aguarda uma reunião com o presidente da República para debater a exploração de potássio em Sergipe

Justiça federal mandar expulsar invasores da terra indígena Mura

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 16/01/2023 às 23:59 | Atualizado em: 17/01/2023 às 12:12

O senador Rogério Carvalho (PT) aguarda uma reunião com o presidente da República, Lula da Silva (PT), para debater a exploração de potássio em Sergipe, terra natal do parlamentar.

Para ele, a alternativa é mais viável do que se “aventurar” na extração do minério na Amazônia.

De forma indireta, Carvalho fez referência à exploração de silvinita em Autazes, a 111 quilômetros de Manaus.

O minério, do qual se extrai o potássio, está localizado em terras indígenas.

“Nos próximos dias espero ter uma nova reunião com o presidente Lula para discutir a exploração da carnalita em Sergipe. Esta é uma alternativa mais segura, econômica e viável do que se aventurar na exploração do potássio que tem na Amazônia”, disse o senador.

Além disso, o parlamentar afirmou que terá uma conversa com a Agência Nacional de Mineração (ANM) para desbloquear os projetos da exploração do minério no seu estado.

“Isso para evitar que empresas fiquem eternamente segurando a exploração de jazidas e impedindo o crescimento e o desenvolvimento econômico de Sergipe”.

Licenciamento

A empresa Potássio do Brasil enfrenta problema com o licenciamento ambiental para explorar o minério em Autazes.

Em uma ação em 2016, o Ministério Público Federal (MPF) ingressou com ação para suspender o licenciamento estadual que teria sido concedido de forma irregular.

O MPF alegou que é “fato inconteste” que o empreendimento está sobreposto à terra indígena Jauary, da etnia mura, com impactos também à terra Paracuhuba e outras comunidades da região.

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Isso obriga que sejam realizadas consultas às comunidades indígenas.

Após seis anos da ação, a União ingressou com recurso para retirar a competência do julgamento da 1ª Vara Federal do Amazonas. A alegação é que se tratava de problema ambiental e não indígena.

Em outubro do ano passado, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) atendeu ao pedido do MPF e recurso da União que retirava o processo da da 1ª Vara Federal do Amazonas.

Impacto

Sobre o impacto a terras indígenas, O MPF explicou que foi realizada inspeção judicial, em março de 2022, que demonstrou que a base de exploração e perfuração do empreendimento incide sobre áreas tradicionais, onde são realizadas atividades e coleta de frutos, extrativismo de castanha, além de caça e pesca.

“Conforme o próprio dirigente da Potássio do Brasil e a liderança indígena da aldeia Soares, as estruturas minerárias seriam construídas a aproximadamente dois quilômetros da área de moradia e dentro do território de uso tradicional do povo Mura”, diz nota do MPF.

Foto: J.Rosha/Cimi Norte I