Praça do Teatro Amazonas é palco do som raiz do beiradão

Celebração é pelo dia estadual do ritmo eternizado por Teixeira de Manaus, Chico Caju e artistas amazonenses

Teixeira de Manaus

Mariane Veiga

Publicado em: 02/10/2024 às 22:11 | Atualizado em: 02/10/2024 às 22:26

A vibração dos saxofones e o som eletrizante das guitarras vão dar o tom e fazer o público dançar acelerado nesta quinta-feira (3), para comemorar o Dia Estadual do Beiradão, no largo de São Sebastião, no entorno do Teatro Amazonas.

A data, instituída por lei em março deste ano, será pela primeira vez celebrada em grande estilo, com apresentações musicais dedicadas ao ritmo eternizado por nomes como Teixeira de Manaus, Chico Caju, Oséas, Magalhães, entre outros.

O espetáculo tem entrada gratuita e se inicia às 18h30.

As participações incluem:

  • Roberto Rios,
  • Hadail Mesquita,
  • Márcia Novo,
  • Lico Magalhães,
  • Rafael Ângelo,
  • Valério do Sax,
  • Marcos Moreno,
  • Ivan da Guitarra,
  • Billy Marcelo e
  • Chicão do Sax.

“São vários artistas unidos em prol desse movimento cultural. O público pode esperar muita diversão”, disse Lico Magalhães.

O Dia Estadual do Beiradão é celebrado em 3 de outubro, em referência à data de aniversário de Chico Caju, um dos mestres desse ritmo.

“Nos últimos meses de vida do Chico Caju, a última composição dele foi feita junto comigo e, justamente, o nome da música é ‘Dia do Beiradão’. Mostrei a música para o jornalista Paulo Moura e a gente conversando sobre cultura pensamos: por que não?”, disse Mesquita.

“Chegamos para vários beiradeiros, escrevemos uma carta e o Paulo, por meio de suas articulações culturais, nos ajudou a fazer esse pedido de valorização desse ritmo popular”.

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Patrimônio cultural

O beiradão já é considerado patrimônio cultural imaterial amazonense desde setembro de 2023 com a lei estadual 6.448, da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM).

O Dia Estadual do Beiradão foi instituído em março deste ano, por outra lei estadual aprovada na ALE-AM, a 6.797, que incluiu a data no calendário oficial de eventos culturais do estado.

As duas legislações foram propostas pelo deputado Sinésio Campos (PT).

O evento comemorativo no largo São Sebastião é organizado por um conjunto de artistas e fazedores de cultura envolvidos com o movimento do beiradão, entre instrumentistas, cantores, produtores culturais e audiovisuais.

O apoio é do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (SEC) e do Ministério da Cultura.

“A gente vai comemorar pela primeira vez o Dia do Beiradão, que é o dia do aniversário do Chico Caju. Assim como o boi-bumbá, o beiradão faz parte da identidade musical do Amazonas. Faltava uma data oficial para se comemorar e, graças a esse movimento bonito, a gente está conseguindo ganhar um espaço importante de reconhecimento dessa sonoridade”, disse a cantora Márcia Novo.

“A ideia é fazer o povo se divertir dançando o beiradão e escutando o nosso som do interior, das beiradas e ribanceiras. Não percam”.

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O ritmo

Surgido em meados dos anos 1970, a partir de grupos musicais que viajavam de barco para fazer apresentações nas festividades religiosas das igrejas à beira dos rios, nas comunidades ribeirinhas, o ritmo do Beiradão estourou na década de 1980. Consolidou-se como uma das maiores expressões musicais do Amazonas.

Antes sinônimo das festas, o “beiradão” passou a identificar o ritmo em si, isto é, toda a produção musical em torno do som acelerado conduzido pelas guitarras e pelos saxofones.

E sob influência da lambada e de outras vertentes latinas como a salsa, o merengue, o calypso, a cumbia e o zouk.

Ganhou projeção nacional com o saxofonista Teixeira de Manaus, falecido em janeiro deste ano.

Foto: reprodução