Prefeito diz que caso no Javari tem a ver com ‘máfia dos peixes’ 

Investigações procuram um segundo suspeito de agir com o primeiro no suposto crime de jornalista e de indigenista

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Aguinaldo Rodrigues

Publicado em: 13/06/2022 às 18:08 | Atualizado em: 14/06/2022 às 18:05

O prefeito de Atalaia do Norte, Denis Paiva, se manifestou nesta segunda-feira (13) e falou sobre sua suspeita para o caso do sumiço do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips. Os dois estão desaparecidos desde o dia 5 de junho na região do Vale do Javari, oeste do Amazonas.

Para Paiva, o caso pode ter relação com a “máfia dos peixes”, conforme mostrou a agência de notícias norte-americana AP (Associated Press): “O motivo do crime é uma briga pessoal pela fiscalização da pesca”, afirmou. 

A AP também afirmou ter tido acesso a informações que a Polícia Federal teria compartilhado com lideranças indígenas.

Além da “máfia do peixe”, a PF não descartaria outras linhas de investigação.

A agência internacional, inclusive, ressaltou que a região do desaparecimento tem forte atividade de narcotráfico.

A dupla sumiu em Atalaia do Norte, próximo à Terra Indígena Vale do Javari, uma reserva que sofre com disputas entre tráfico de drogas, madeiras e garimpo ilegal.

A área é a segunda maior terra indígena do Brasil, e sofre há anos com ataques armados a postos de controle da Funai (Fundação Nacional do Índio) e invasões de caçadores ilegais.  

Suspeito e testemunhas

Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como ‘Pelado’, foi preso e quatro testemunhas foram ouvidas.

Na sexta-feira (10), uma testemunha disse à Polícia Civil ter visto o suspeito com outro homem na lancha logo atrás da embarcação onde estavam Dom Phillips e Bruno Araújo Pereira.

O segundo envolvido ainda não foi identificado pela polícia. Peritos encontraram, no barco de Amarildo, vestígios de sangue (na foto, material dos desaparecidos é encontrado).

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Ameaças 

A Unijava (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) explicou que Bruno e indígenas da entidade vinham sofrendo ameaças por tentar coibir invasões ao território por quadrilhas de caçadores, pescadores e garimpeiros.

Relatórios das equipes de vigilância do grupo afirmam que há atuação de invasores, incluindo grupos armados.

Documentos obtidos pelo UOL foram encaminhados a diversos órgãos de segurança, como a PF (Polícia Federal), o MPF (Ministério Público Federal) e a Funai entre fevereiro e maio deste ano. 

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Foto: Bruno Kelly/Agência Brasil