Projeto bolsonarista quer barrar trans em concursos no Amazonas

PL visa estabelecer o sexo biolรณgico como critรฉrio definitivo nos testes de aptidรฃo fรญsica e provas prรกticas.

Diamantino Junior

Publicado em: 16/07/2024 ร s 08:10 | Atualizado em: 16/07/2024 ร s 08:13

O Projeto de Lei (PL) nยฐ 372/2024, proposto pela deputada estadual bolsonarista Dรฉbora Menezes (PL-AM), tem gerado controvรฉrsias no Amazonas ao buscar dificultar a participaรงรฃo de pessoas transsexuais em concursos pรบblicos.

Segundo informaรงรตes do jornalista Jefferson Ramos da revista Cenarium, o PL, apresentado em 3 de junho de 2024, visa estabelecer o sexo biolรณgico como critรฉrio definitivo nos testes de aptidรฃo fรญsica e provas prรกticas, em detrimento da identidade de gรชnero.

Menezes justifica a medida como forma de garantir equidade nos certames, argumentando que diferenรงas fisiolรณgicas entre homens e mulheres podem afetar o desempenho.

Joyce Gomes, presidente da Associaรงรฃo de Travestis, Transsexuais e Transgรชneros do Amazonas (Assotram), criticou o projeto, acusando Menezes de promover um mandato de perseguiรงรฃo ร  comunidade LGBTQIAPN+.

Ela apontou que polรญticas como essa perpetuam desigualdades, empurrando pessoas trans para a marginalizaรงรฃo social, como a prostituiรงรฃo, devido ร  falta de polรญticas pรบblicas de inclusรฃo educacional e profissional.

O advogado Caupolican Padilha, presidente da comissรฃo de direitos humanos da OAB-AM, destacou ร  Cenarium que o PL รฉ transfรณbico e viola a dignidade humana, um princรญpio constitucional fundamental. Ele ressaltou que decisรตes anteriores de tribunais superiores no Brasil tรชm reconhecido a identidade psicossocial sobre o critรฉrio biolรณgico, o que pode tornar o projeto passรญvel de contestaรงรฃo judicial.

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Alรฉm disso, o PL enfrenta resistรชncia semelhante em outros estados, como Minas Gerais e Pernambuco, onde iniciativas semelhantes foram apresentadas.

Caso o projeto seja judicializado, espera-se que o judiciรกrio possa interpretรก-lo como inconstitucional por violar preceitos fundamentais da Constituiรงรฃo brasileira, como a igualdade e a nรฃo discriminaรงรฃo com base em identidade de gรชnero.

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Foto: divulgaรงรฃo assessoria