“Tu vais ser uma grande promessa dessa nossa região, do Norte, e quem sabe ir mais longe”. Assim falou o irmão ao artista musical, Lucas Luzz, Nilson Carneiro.
“Ele era uma pessoa de excelência, um cara de bom coração, infelizmente foi interrompido. Deus o chamou e que seja feita a vontade do Pai”, declarou.
Hoje (20) completa 7 dias que Lucas Amazonas Carneiro, de 36 anos, morreu em Manaus, vítima de complicação pulmonar. Trata-se de Lucas Luzz, cantor e compositor, nascido em Parintins.
Membro de uma família de 13 filhos, dos quais cinco se dedicaram, desde menino à musica: Ruan, Moisés, Carlos Nilson Carneiro, Rener e Lucas.
Lucas Carneiro sempre sonhou com a música. Mesmo fazendo outro tipo de trabalho, pensava em ser cantor.
“Ele dizia: mano, eu sei que a gente tem que trabalhar, construir as coisas, mas a música tá na gente. A gente tenta outros os caminhos, mas a música tá na gente. A música vive na gente. Já pensei em desistir. Quando estou em algum lugar fazendo outra coisa, aí vem aquela a sensação de não querer abandonar a música”, revela Ruan Amazonas Carneiro.
Ruan também conta ainda que Lucas chegou a fazer dupla com o irmão Rener.
“Ele disse que sentia muita falta de cantar com meu irmão Rener, com quem iniciou no show de calouros na festa da padroeira de Parintins, Nossa Senhora do Carmo”.
Em pouco mais de um ano atrás, Lucas resolveu tornar o sonho de ter a própria banda em realidade e, após pesquisar o significado do próprio nome, descobriu que Lucas significa “luz”. Daí surgiu o nome artístico Lucas Luzz .
Ele partiu quando estava despontando no cenário musical do Amazonas. Interpretou vários sucessos.
Mas deixou a própria marca e compôs a música “Amar a pinga”, que está no YouTube, no canal Lucas Luzz Official. Veja:
VIDEO
O sucesso foi reconhecido pelo público. Com isso, Lucas Luzz fez show em municípios da região. Inclusive, em um dos maiores eventos de Parintins, a Expopin (Feira de Exposição Agropecuária de Parintins).
“Atualmente chegaram a fazer show em Barreirinha, no Mocambo, na Expopin ele teve uma participação no evento. Já tinha vários contratos, mas infelizmente… Em Parintins, todo final de semana ele cantava nos butecos”, disse o irmão, Jonatas Carneiro.
Sonho de menino
Ainda menino, Lucas era uma pessoa que demonstrava vencer na vida. Queria ser cantor.
“Quando criança, tivemos muitas dificuldades, financeiras, emocional, até mesmo dificuldades profissionais. A gente veio de uma comunidade rural para morar em Parintins. Mas o Lucas sempre demonstrava querer vencer na vida”, conta Jonatas.
Lucas foi um dos primeiros da família a ter um trabalho de carteira assinada. Trabalhou como vendedor numa sapataria, chegou a ter a própria loja.
Da mesma forma, outro irmão, Ruan, lembra que Lucas foi chapeiro, corretor de imóveis, cobrador de ônibus, trabalhou com forro de gesso. “Era versátil”, disse.
“Desde os 10 anos. Ele e meus irmãos Renner e Moisés cantavam em shows de calouros nos arrais”, conta Jonatas.
Além disso, no lado musical trabalhou no Garantido, Caprichoso, nos bois do Mocambo, em Alter do Chão, Maracanã (Faro). “Ele trabalhava como compositor e como back vocal”, destaca.
Era uma pessoa que demonstrava muitos sonhos e corria atrás.
“Eu tive a oportunidades de conviver 30 anos com ele, e via que a cada dia ele conquistava algo. Ele sempre participava de bandas, não como linha de frente. Ele estava mais como servidor. E desta vez conseguiu montar a banda dele, conseguiu juntar as pessoas certas, que ele sempre quis. E criou a banda atual, a Banda Lucas Luzz”, completa.
Em Manaus
Lucas também passou uma temporada em Manaus, onde a facilidade em se relacionar com as pessoas lhe permitiu conhecer parceiros musicais.
Então, na capital amazonense, Lucas já dava início aos seus projetos de ter uma banda.
“Em Manaus, com o Sam Dias, eles cantavam sertanejo universitário. O Sam tinha um som e ouviu o Lucas cantar e resolveram cantar juntos. Depois encontrou o Ramon e o Richard que também, cantavam com ele o sertanejo universitário. Depois conheceram o baterista Roberto”, comenta Ruan. E acrescenta:
“Aí veio pra Parintins por volta de 2018 a 2019. Em meados de 2019 cantamos juntos, e depois a gente sentou e conversamos sobre criar uma banda. Cantávamos pizadinha, piseiro e sertanejo universitário”.
Família
O casal Reinaldo Carneiro e Olendina Amazonas Carneiro sempre incentivou os filhos trilhar no cenário musical.
Nilson Carneiro, o irmão mais velho, conta que o pai gostava de cantar. A mãe incentivou os filhos na parte da produção das roupas. Infelizmente, ela morreu ainda jovem.
“Minha mãe fazia a roupa deles, como uma produtora. Ela faleceu quando estava na fase dos quarenta anos, isso faz 22 anos. O Lucas, Ruan e o Rener eram crianças”.
No entanto, o pai continuou a incentivar os filhos.
“Tínhamos uma banda. Era a Arrastão do Forró. A gente viajava pelos interiores e cidades da região, e chegou a um certo nível de trabalho que a gente se apresentava em grandes eventos na região”, revela.
Nilson conta que, quanto ao Lucas, era aquele que tinha o sonho de organizar uma banda para gravar um DVD. Isso tudo para ajudar a família, sobretudo o pai, o grande incentivador.
“Ele tinha um sonho de ajudar meu pai, e ajudar meus irmãos que trabalhavam como ele, de modo geral outros irmãos”, destaca Nilson.
Então, formou a banda como o nome Lucas Luzz. Ele estava numa fase muito boa na vida dele. Estava sendo muito solicitado no mercado musical, estava feliz pelos convites.
Surpreendentemente, Lucas teve a vida interrompida precocemente. Por outro lado, a sua voz permanece.
“Fiquei surpreso pela repercussão das pessoas nas redes sociais, cada um falando o que Lucas Luzz plantou no coração das pessoas. Com certeza plantou uma semente do bem. Ele foi muita luz, deixou um legado de ser humano, uma excelente pessoa”, conclui.
Leia mais
Fotos: Divulgação/Arquivo da Família