Rio Grande do Sul padece e Amazônia já está sob ameaça de catástrofe
Crises como essa reforçam a necessidade de investimentos significativos e estratégias de adaptação para enfrentar os impactos das mudanças climáticas.

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 06/05/2024 às 15:44 | Atualizado em: 06/05/2024 às 16:04
A crise climática causou os maiores danos ambientais já vividos pelo Rio Grande do Sul e, agora, pode levar a Amazônia a um novo desastre nos próximos meses. A região, que ainda não se recuperou da última seca, enfrenta índice recorde de queimadas.
O alerta foi feito pelo Observatório do Clima (OC) que reúne diversas entidades ambientais no país.
Neste primeiro semestre, a entidade avaliou que há uma disparada das queimadas na região. Isso diante de uma estação seca que está apenas começando na Amazônia, no Cerrado e no Pantanal.
A organização observou que os impactos da “seca extraordinária de 2023 ainda perduram e que a estação chuvosa de 2023/2024 não foi suficiente para umedecer o solo e impedir o fogo”.
Na semana passada, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou na região o maior índice de queimadas desde que começou as medições, em 1998.
O número de queimadas na Amazônia, de janeiro a 1º de maio de 2024, foi 17.421 focos, uma alta 148%, sendo que no Pantanal a elevação é de quase 1.000%.
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“As queimadas estão batendo recordes mesmo com os alertas de desmatamento em queda no Cerrado e na Amazônia nos primeiros cinco meses do ano, o que sugere influência do clima. Se o governo não tomar medidas amplas de prevenção e controle, teremos uma catástrofe nos próximos meses”, alertou Marcio Astrini, secretário-executivo do OC.
“Precisamos de uma ampla mobilização da União e dos governos estaduais, além de resolver a greve hoje instalada em órgãos ambientais, como o Ibama. Mas, infelizmente, o quadro que se desenha é de uma prorrogação indefinida da greve, já que o atual governo preferiu dar aumento à corporação que tentou impedir sua eleição do que aos servidores que entregam um dos seus principais resultados”, criticou Astrini.
Crises
O Observatório diz que tanto a situação no Rio Grande do Sul quanto na Amazônia “carrega a impressão digital da crise do clima e reforça a urgência de falar sério sobre adaptação no país”.
A entidade considera que as chuvas extremas no sul da América do Sul, que inclui toda a bacia do Prata, são há décadas uma previsão recorrente dos modelos climáticos, informação ignorada por sucessivos governos estaduais.
“Enquanto não se entender a relevância da adaptação, essas tragédias vão continuar acontecendo, cada vez piores e mais frequentes”, afirmou Suely Araújo, coordenadora de políticas públicas do OC.
Para ela, são necessários recursos vultosos a fundo perdido para enfrentar os problemas.
“Municípios não vão sair pedindo dinheiro emprestado para ações de adaptação. Elas requerem um mecanismo específico, nos moldes do Fundo Amazônia”, defendeu.
Foto: Ronaldo Siqueira/especial para o BNC Amazonas