Chibatão simula prevenção à estiagem no Amazonas em píer flutuante em SP

Empresas adotam medidas para enfrentar a estiagem de 2024 no Amazonas.

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 17/07/2024 às 20:00 | Atualizado em: 17/07/2024 às 20:00

Já estão a todo vapor os preparativos dos terminais privativos de cargas do Amazonas para enfrentar a seca que se avizinha e que deverá ser tão ou mais severa que a de 2023.

Pelo menos as duas principais empresas de logística e transportes do estado, o grupo Chibatão e Super Terminais, estão trabalhando desde março deste ano em dois projetos prioritários: o píer flutuante provisório e a “operação Itacoatiara”.

Autor do projeto do píer flutuante provisório, o grupo Chibatão, com seus engenheiros, práticos e técnicos, está em São Paulo nos últimos dois dias realizando simulações e ajustes da operação que será feita entre os portos de Manaus e Itacoatiara.

De acordo com o diretor-executivo do Chibatão, Jhony Fidélis, o projeto do píer flutuante começou a ser desenvolvido em março, recebeu o aval da Marinha do Brasil, em maio, e está sendo acompanhado pelo Ipaam, Dnit, Antaq, Sedect, Receita Federal, Praticagens do Amazonas e Suframa.

“Estiagem não é algo novo, sempre tivemos dificuldades e não podemos permitir que o que aconteceu em 2023, quando os navios deixaram de passar, volte a acontecer. Por isso, antecipamo-nos a um possível problema e, no dia 16 de abril, entregamos ao Dnit, em Brasília, relatório que aponta, de forma bem clara, que em 2024 a seca pode ser pior que a seca do ano passado. Assim, a instalação do píer provisório nos dá uma alternativa, que se soma à ação da dragagem esperada nas regiões do Tabocal e enseada do Madeira”.

Leia mais

Cidades no Solimões, Purus e Juruá atingem pior nível de vazante

Píer provisório

O píer provisório será localizado em Itacoatiara, no rio Amazonas.

 O tipo de operação é o transbordo de contêineres dos navios cargueiros para balsas, que têm 180 metros de comprimento por 24 metros de largura.

Segundo Fidélis, no local indicado pela praticagem está previsto ficar com 15 metros de profundidade na seca.

Desse modo, o píer será ancorado com poitas de 55 toneladas e o navio será ancorado no píer, como ocorre em Manaus.

O primeiro objetivo da operação com o píer flutuante é aliviar a carga do navio, que chega a Itacoatiara, reduzindo o seu calado na operação de transbordo, e assim o navio seguir a sua a navegação até o porto de Manaus.

Isso, caso a dragagem da enseada do rio Madeira e a região do Tabocal, no rio Amazonas, tenha sucesso e libere a trafegabilidade mais profunda,

No entanto, o Chibatão também está preparado para o caso de não haver profundidade suficiente para seguir com o navio. Aí, haverá o descarregarramento de 100% da carga do navio e seguir com a operação com balsas até o porto de Manaus.

Leia mais

Desabastecimento já é realidade para 10 mil pessoas em Envira, no Amazonas

Setembro a dezembro

De acordo com o projeto, o tempo de deslocamento das balsas da foz do rio Madeira até Manaus (148 quilômetros) será de 12 horas de navegação.

Já a viagem inversa – Manaus até a foz do Madeira, pelo rio Amazonas será de dez horas de navegação.

Por fim, o píer estará em funcionamento de setembro a dezembro deste ano, cobrindo o período crítico da estiagem na região.

No local, a atracação e desatracação dos navios serão realizadas exclusivamente durante o dia, com assistência de rebocadores azimutais para manobrar os navios garantindo segurança em todas as operações.

Leia mais

Tropa da Força Nacional é enviada aos rios Negro e Solimões, no Amazonas

Operação Itacoatiara

Da mesma forma, o grupo Super Terminais lançou em junho deste ano o projeto “operação Itacoatiara” para enfrentar previsão de seca histórica e garantir escoamento industrial.

De acordo com o plano, a operação ocorrerá no município do rio Amazonas, em uma área adquirida exclusivamente para o uso do Super Terminais, sendo o único porto com área própria para realizar tal operação.

A área conta com espaço de 300 mil metros quadrados, localizado na margem esquerda do rio, com acesso rodoviário asfaltado, pela estrada do aeroporto de Itacoatiara, e a apenas 1,4 quilômetro do porto público local.

O módulo da operação será posicionado a 100 metros da margem, com uma profundidade de 34 metros de calado, o que permite a recepção de todos os tipos e tamanhos de navios operados atualmente, sem dificuldades.

A navegação entre Itacoatiara e Manaus será otimizada, com tempo de viagem estimado em 18 horas na ida (108 milhas náuticas ou aproximadamente 200 quilômetros) e 12 horas na volta.

Transbordo de contêineres

A operação do Super Terminais focará no transbordo de contêineres, com estrutura disponível de setembro a dezembro ou até que o calado do rio Amazonas seja normalizado.

Um píer flutuante de 240 metros de comprimento e 24 metros de largura será instalado, equipado com três guindastes Konecranes ESP10, cada um com 64 metros de lança e alimentados por quatro geradores de 500 Kva, incluindo um gerador de backup.

As operações ocorrerão 24 horas por dia, sete dias por semana, em três turnos. O objetivo principal é descarregar 100% da carga dos navios e seguir com a operação de balsas até o porto de Manaus.

Além dos guindastes, a operação contará com plataformas elevatórias, empilhadeiras e todos os equipamentos necessários para as atividades de manutenção e operação.

“A operação Itacoatiara é uma iniciativa do Super Terminais para amenizar os impactos da seca na indústria amazonense, não apenas mantendo o escoamento da produção da Zona Franca de Manaus, durante períodos de vazante severa, mas também contribuir para a estabilidade econômica da região, demonstrando compromisso com a inovação e a resiliência frente aos desafios climáticos”, disse o diretor do porto Super Terminais, Marcello Di Gregório.

Fotos: divulgação