Renato Senna, pesquisador do Inpa alerta que esta seca no Amazonas está caminhando para ser uma das mais severa já registrada, com base nos padrões históricos de vazante.
O especialista também é o coordenador de hidrologia do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera (LBA/Inpa-MCTI).
De acordo com reportagem de hoje (7) do g1, o Amazonas enfrenta uma crise ambiental sem precedentes em 2024.
Ou seja, com uma seca que chegou antecipada e já impacta mais de 330 mil pessoas no estado, segundo a Defesa Civil.
Por exemplo, a escassez de água está isolando cidades e comunidades e prejudicando a economia local. Atualmente, todos os 62 municípios do estado se encontram em situação de emergência devido à seca e queimadas.
Senna explica que muitos rios estão apresentando anomalias significativas na precipitação.
“O nível do rio Negro, por exemplo, está atualmente em torno de 18,50 metros, com uma taxa de descida de 25 cm por dia. No mesmo período em 2023, o nível era de 22,65 metros e a taxa de descida era de 20 cm por dia. Portanto, neste ano, o rio está 4,15 metros mais baixo e descendo mais rapidamente do que no ano passado”, detalhou o pesquisador.
Além disso, o especialista ressalta que a situação atual ainda reflete os efeitos da seca que atingiu o Amazonas em 2023.
Ele explica que o fenômeno El Niño, que começou em julho do ano passado, e o aquecimento do Oceano Atlântico Tropical Norte, continuaram a influenciar o clima até o final do primeiro semestre de 2024.
“Essas condições alteraram o padrão de circulação atmosférica, reduzindo e, em alguns casos, impedindo a formação de nuvens na região. Como resultado, houve uma diminuição significativa dos volumes de precipitação durante toda a estação chuvosa da Amazônia. Esse período é essencial para o acúmulo de água e o enchimento das grandes bacias hidrográficas que formam o Rio Amazonas”, explicou o especialista.
Da mesma forma, Renato Senna também alertou para os impactos significativos das secas recorrentes no bioma.
“O impacto social e ambiental é imenso. Em 2023, já vimos exemplos severos, como a morte de peixes e mamíferos aquáticos, sem precedentes em muitos anos. Além disso, enfrentaremos grandes desafios na produção extrativista, com perdas de produtividade em várias espécies naturais. A seca também está afetando economicamente os grandes portos da região, prejudicando o transporte e a logística, e gerando sérios problemas sociais e ambientais”, destacou o pesquisador.
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Foto: Raffa Neddermeyer/Agência Brasil