Sem maternidade, hospital de Tefé realiza 98 partos em 13 dias

Defensoria inspeciona unidade e ouve denúncias de partos no chão

Publicado em: 18/09/2024 às 18:08 | Atualizado em: 18/09/2024 às 18:27

Em inspeção ao hospital regional de Tefé, a Defensoria Pública do Amazonas (DPE-AM) ouviu da direção que foram realizados no setor de maternidade 98 partos nos últimos 13 dias. A informação foi divulgada neste dia 18 de setembro.

O órgão foi averiguar denúncias de que as mulheres grávidas estão sofrendo violência obstétrica no hospital.

A defensora pública Suian Lopes disse que ouviu denúncias de pacientes de que estão sendo obrigadas a deitar no chão do hospital para conseguir ter o parto de forma mais adequada.

Conforme ela, só há uma maca própria para parto no hospital, que atende Tefé e mais sete municípios da região do rio Solimões.

Suian disse que foi acompanhada pelo enfermeiro responsável pela maternidade durante a vistoria à sala de parto, pré-parto e pós-parto. Nesse momento, havia cinco leitos de pré-parto, e dois foram improvisados para duas novas pacientes.

“O que percebemos na conversa [com defensor público da saúde e gestor do hospital] é que há necessidade de Tefé ter de fato uma maternidade, separada do hospital regional”, disse a defensora. 

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Apoio

Além do hospital, a defensora visitou a Casa de Parto, que fica ao lado. Essa estrutura, construída e equipada com recursos federais, não funciona. O motivo é que profissionais não foram contratados e a prefeitura alega não ter dinheiro para isso.

“Vamos tomar medias para pressionar o estado para colocar esse espaço para funcionar, assim como a Casa das Gestantes”, disse Suian Lopes. 

A Casa das Gestantes é um espaço para as grávidas que vêm de comunidades e municípios mais distantes em busca de assistência médica até a hora de dar à luz.

De acordo com a defensora pública, a casa evita que a grávida tenha que voltar para sua comunidade porque ainda não está pronta para o parto.

Como resultado, “às vezes acontece de ter a morte fetal ou da própria mãe. Para evitar isso, ainda mais nesse período de seca, em que é mais difícil a locomoção, há essa estrutura física, já pronta, que vamos cobrar dos órgãos responsáveis para colocar em funcionamento”, afirmou Suian. 

Foto: Secom/DPE/divulgação