Sul do Amazonas e região metropolitana da capital desmatam mais
No Sul do estado somente um município devastou, em 12 anos, uma área bem maior do que o município de São Paulo

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 21/12/2020 às 20:32 | Atualizado em: 21/12/2020 às 21:00
O Sul do Amazonas, fronteira agrícola com os estados de Rondônia e Mato Grosso, é visto com um dos maiores vetores de desmatamento no estado. Com ele se juntam os municípios da Região Metropolitana de Manaus (RMM). O assunto voltou à tona na semana passada, no Senado, durante debate sobre queimadas na Amazônia.
Na sessão de quinta-feira (17), a professora da Ufam (Universidade Federal do Amazonas) Eyde Bonatto apresentou dados que destacam essas duas regiões do estado.
No primeiro caso, a pesquisadora diz que os problemas estão sendo agravados “devido à extração (ilegal) de madeira, à conversão de áreas de floresta em pastagens e ao corte e queima de floresta para cultivos anuais”.
Já na região metropolitana o forte desmatamento está acontecendo em função da especulação imobiliária. Ela diz também que a produção de produtos agropecuários, sobretudo em Iranduba, Manacapuru e Novo Airão é outro motivo.
Doutora em Bioenergia, Bonatto apresentou aos senadores uma série histórica sobre desmatamento e queimadas no Amazonas que vai de 2008 a 2019.
Na série, o município de Lábrea possui 2.130 km² de área desmatada, a maior do estado. Para se ter uma ideia, isso representa um território maior que a cidade de São Paulo, que possui 1.521 km² de extensão.
O município de Apuí vem em seguida com 1.361 km² de área desmatada. Logo atrás aparece Novo Aripuanã com 911 km².
Na região metropolita, o município de Autazes tem na série 191 km² de área desmatada acumulada, seguido de Itacoatiara 112 km² e Presidente Figueiredo com 101 km².
Lábrea também é a primeira do ranking no estado em número de queimadas. Nesse período, foram registrados 15.846 focos de incêndio. Apuí tem 12.906, Manicoré 9.681 e Boca do Acre 9.252.
Na região metropolitana, os maiores focos de queimadas estão em Autazes com 3.406, Itacoatiara 2.448 e Presidente Figueiredo 1.962.
Meta
Diante dos números, a pesquisadora informou aos senadores que a meta estadual de combate ao desmatamento não foi cumprida e uma nova foi estipulada.
“Nessa dinâmica do desmatamento, como expliquei no início, a meta aqui não foi cumprida. Do período de 2015 a 2019, a meta não foi cumprida, então se estabeleceu uma nova meta, ainda dentro daquele terceiro relatório, com essa projeção para reduzir em 15% em relação a 2019”, explicou.
Para alcançar os objetivos, a professora da Ufam disse que é preciso fortalecer a governança ambiental do Estado do Amazonas, controlar o desmatamento ilegal e incentivar o uso sustentável dos recursos naturais, com ênfase nas áreas críticas do desmatamento.
“Então, para alcançar os objetivos do nosso plano, foram estabelecidos: monitoramento, comando e controle ambiental, além de atividades relacionadas à bioeconomia e as alternativas econômicas sustentáveis. Então, nós temos aqui: arrecadar e matricular as terras públicas da região Sul do Amazonas”, completou.
Outras atividades foram apontadas como estruturantes: investimento na compra de sementes, agroindústria, calcário, capacitação e desenvolvimento tecnológico, construção de ramais e vicinais para escoar a produção.
Foto: reprodução/Ariquemes online/amazonia.org