A Amazônia, que possui mais da metade da superfície de água do país, registrou no ano passado 12 milhões de hectares do líquido ou 2,8% de toda a sua extensão. Em relação a 2022, houve uma retração de 3,3 milhões de hectares.
Em extensão, Amazônia foi o bioma que mais perdeu superfície de água; proporcionalmente, Pantanal foi o bioma que mais secou desde 1985.
Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (26) pelo MapBiomas Água que levou em conta a seca severa na região em 2023.
No período de julho a dezembro as marcas ficaram abaixo da média histórica, sendo outubro a dezembro registrando as menores superfícies de água da série.
“Houve isolamento de populações e mortandade de peixes, de botos e tucuxis”, disse Carlos Souza Júnior, coordenador do MapBiomas Água.
“Essas tendências agravadas pelas mudanças climáticas ressaltam a necessidade urgente de estratégias adaptativas de gestão hídrica”, disse Juliano Schirmbeck, coordenador técnico do MapBiomas Água.
Enquanto o Cerrado e a Caatinga estão experimentando aumento na superfície da água devido à criação de hidrelétricas e reservatórios, Schirmbeck disse que na Amazônia e no Pantanal há uma grave redução hídrica, levando a significativos impactos ecológicos, sociais e econômicos.
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Abaixo da média
De acordo com o MapBiomas Água, a superfície de água em dez estados, ou seja, um pouco mais de um terço (37%) das unidades federativas, ficou abaixo da média histórica em 2023.
Os casos mais severos ocorreram nos estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, com perda de superfície de água de 274 mil hectares (-33%) e 263 mil hectares (-30%), respectivamente.
No caso dos municípios, ficaram abaixo da média histórica mais da metade (53%, ou 2.925).
O município de Corumbá (MS) foi o que mais perdeu superfície de água em 2023 em relação à média da série histórica: 261 mil hectares (-53%).
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Metodologia
A exemplo do MapBiomas Fogo, a série Água processou mais de 150 mil imagens geradas pelos satélites Landsat 5, 7 e 8 de 1985 a 2023.
Com a ajuda de inteligência artificial, foi analisada a área coberta por água em cada pixel de 30 m X 30 m dos mais de 8,5 milhões de quilômetros quadrados do território brasileiro ao longo dos 39 anos entre 1985 e 2023.
Foi feita a distinção entre os corpos hídricos naturais e antrópicos, onde a área de superfície de água em hidrelétricas e em reservatórios é maior do que a área de superfície de água natural.
Foto: Ronaldo Siqueira/especial para o BNC Amazonas