Oficial do Bis Ă© investigado por apoiar garimpo ilegal na AmazĂ´nia
Uma investigaĂ§Ă£o da PolĂcia Federal revela o envolvimento de um tenente-coronel do ExĂ©rcito brasileiro em atividades ilegais relacionadas ao garimpo na AmazĂ´nia.

Publicado em: 25/11/2023 Ă s 13:20 | Atualizado em: 25/11/2023 Ă s 13:20
Reportagem do O Globo traz uma investigaĂ§Ă£o da PolĂcia Federal (PF) que revelou o envolvimento de um tenente-coronel do ExĂ©rcito brasileiro em atividades ilegais relacionadas ao garimpo na AmazĂ´nia.
Abimael Alves Pinto Ă© acusado de coordenar a comercializaĂ§Ă£o de ouro extraĂdo de garimpos ilegais por militares sob seu comando.
AlĂ©m disso, ele Ă© suspeito de receber propinas em troca de informações privilegiadas sobre operações do ExĂ©rcito e da PolĂcia Federal na regiĂ£o.
O oficial tambĂ©m Ă© investigado por “recepcionar” um lĂder garimpeiro dentro do BatalhĂ£o de Infantaria de Selva (BIS) em Manaus.
As acusações incluem crimes como usurpaĂ§Ă£o de patrimĂ´nio da UniĂ£o, lavagem de dinheiro e associaĂ§Ă£o criminosa. O ExĂ©rcito afirma estar colaborando com as investigações.
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A defesa de Abimael refuta as acusações, alegando que seu nome foi injustamente envolvido. O caso destaca a complexidade e desafios enfrentados no combate ao garimpo ilegal na regiĂ£o amazĂ´nica.
InvestigaĂ§Ă£o
Na manhĂ£ de 27 de junho de 2023, a PolĂcia Federal (PF) deflagrou a operaĂ§Ă£o Jurupari para desmantelar um esquema de corrupĂ§Ă£o envolvendo militares de alta patente e uma empresa de exportaĂ§Ă£o de ouro. A aĂ§Ă£o aconteceu nas cidades de Manaus (AM), Porto Velho (RO) e Ponta Grossa (PR).
Militar recebia mesada
De acordo com as informações divulgadas pela PolĂcia Federal, um tenente-coronel do exĂ©rcito, cujo nome nĂ£o foi revelado, era lotado em Manaus e recebia pagamentos mensais dos garimpeiros que atuam em JapurĂ¡, no interior do Amazonas. Em troca, ele fornecia informações privilegiadas sobre as operações policiais na regiĂ£o. O dinheiro era depositado na conta da empresa de sua esposa.
Mesmo apĂ³s ser transferido para Ponta Grossa, no ParanĂ¡, o militar continuou a colaborar com os lĂderes do garimpo ilegal, repassando informações sobre as ações das autoridades. AlĂ©m dele, outros militares tambĂ©m estĂ£o sendo investigados por envolvimento no esquema criminoso.
Mandados de prisĂ£o e busca
A operaĂ§Ă£o realizada pela PF cumpriu trĂªs mandados de prisĂ£o, sendo dois em Manaus e um em Porto Velho. AlĂ©m disso, foram cumpridos oito mandados de busca e apreensĂ£o. Os investigados poderĂ£o responder por crimes como usurpaĂ§Ă£o de patrimĂ´nio da UniĂ£o, extraĂ§Ă£o irregular de minĂ©rio e dano ambiental.
OperaĂ§Ă£o Jurupari desvenda rede de exploraĂ§Ă£o ilegal de garimpo
As investigações tiveram inĂcio em outubro de 2020, apĂ³s a prisĂ£o de dois homens em Ji-ParanĂ¡, RondĂ´nia, por transportarem ouro sem comprovaĂ§Ă£o de origem lĂcita. Ao analisar os celulares dos suspeitos, a PolĂcia Federal descobriu indĂcios de uma extensa rede de garimpo ilegal na regiĂ£o de JapurĂ¡, no Amazonas.
Durante as investigações, um dos suspeitos foi morto em frente a sua loja de revenda de carros em Curitiba, no ParanĂ¡, logo apĂ³s ter sido solto em uma audiĂªncia de custĂ³dia.
A partir desse caso, a polĂcia identificou um homem que liderava o esquema de exploraĂ§Ă£o ilegal de garimpo, utilizando sua esposa e uma empresa para facilitar transações ilegais de ouro com o principal comprador. O grupo ainda utilizava diversas empresas de metais para dissimular a origem ilĂcita do ouro.
Mesadas a militares garantia impunidade
Os garimpeiros envolvidos no esquema ilegal pagavam mesadas a militares de alta patente como forma de receber informações privilegiadas e garantir a continuidade do negĂ³cio sem serem alvo de operações de combate ao garimpo ilegal.
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A operaĂ§Ă£o realizada pela PolĂcia Federal tem como objetivo desmantelar essa organizaĂ§Ă£o criminosa e responsabilizar todos os envolvidos pelos crimes cometidos, visando combater a exploraĂ§Ă£o ilegal de recursos naturais e preservar o patrimĂ´nio ambiental do Amazonas.
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Foto: reproduĂ§Ă£o