Em troca de ouro extraído de forma ilegal de terras Ianonâmi, servidores servidores da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), órgão do Ministério da Saúde, têm vacinado garimpeiros contra Covid-19. A suspeita foi levantada pela Hutukura Associação Ianomâmi.
O documento, divulgado nesta terça-feira (13), é assinado pelo vice-presidente da associação, Dário Kopenawa. Neste, portanto, ele indica ao menos dois responsáveis pelo esquema.
No ofício, enviado no último dia 8 ao Ministério Público Federal (MPF) e à Sesai, Kopenawa afirma que uma técnica em enfermagem, que atuava no pólo base Humuxi, estava trocando as vacinas com os invasores da terra indígena.
Além disso, o líder indígena diz que a profissional de saúde é responsável por desviar gasolina e um gerador de energia do Distrito Sanitário Especial Indígena Ianomâmi (Dsei-Y) para os garimpeiros também em troca de ouro.
A suspeita iniciou em janeiro, logo após as vacinas começarem a ser aplicadas em Roraima. Segundo o documento, autoridades em Boa Vista foram alertadas sobre o caso para que tomassem providências.
“Essas informações são verdadeiras, passadas pelas lideranças desses locais. Nessas regiões é bem comum a troca de materiais por ouro, como remédios, e infelizmente, às vezes esses profissionais acabam se deixando levar”, afirmou Kopenawa.
Maior reserva indígena
Maior reserva indígena do Brasil, a Terra Yanomami fica entre os estados de Roraima e Amazonas, e em boa parte da fronteira com a Venezuela. Mais de 26,7 mil índios – incluindo grupos isolados – habitam a região em cerca de 360 aldeias.
A estimativa é que ao menos 20 mil garimpeiros atuam ilegalmente no território.
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Foto: ISA