Ticuna de 100 anos casa em evento coletivo no Amazonas
Ticuna de 100 anos casa em evento coletivo no Amazonas, em Benjamin Constant

Publicado em: 12/02/2020 às 09:38 | Atualizado em: 12/02/2020 às 09:40
Os indígenas Nicanor Tamaia, de 100 anos, e Maria Coelho, de 58, da etnia ticuna, formam um dos 303 casais que oficializaram matrimônio na terça-feira, 11, em casamento coletivo entre indígenas realizado em Benjamin Constant (a 1.118 quilômetros de Manaus), na região da tríplice fronteira de Brasil, Colômbia e Peru, no alto rio Solimões.
Até quinta-feira, 13, 806 uniões serão celebradas em quatro cerimônias organizadas pela Defensoria Pública do Estado (DPE-AM), em parceria com a Fundação Nacional do Índio (Funai), corregedoria-geral do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM), Prefeitura de Benjamin Constant e Governo do Estado.
Nicanor e Maria estão juntos há 38 anos e são moradores da comunidade Filadélfia, palco da cerimônia que abriu o casamento coletivo no município.
Ao longo da relação, o casal tentou realizar o casamento civil, mas sem êxito.
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“A moça que trabalhava lá no cartório disse que não podia porque meu marido era muito velho”, disse a noiva.
Na fase de coleta de documentos para o casamento coletivo, em 2019, a equipe da DPE orientou o casal corretamente para participar da cerimônia.
“O Código Civil prevê que os casamentos para pessoas acima dos 70 anos de idade ocorram com regime de separação de bens. Na visita à comunidade, informamos isso ao casal, que ficou muito empolgado com a possibilidade de se casar”, disse a defensora pública Juliana Lopes.
Na cerimônia de hoje, além de formalizar o próprio matrimônio, Maria e Nicanor também puderam ver dois netos e uma neta oficializarem o casamento. “Muito feliz”, disse Maria.
Benjamin Constant tem 35 comunidades que abrigam 16 mil indígenas entre ticunas e kocamas, segundo a Funai. Todas elas têm moradores participando do casamento coletivo.
Fotos: Clóvis Miranda/Secom