Um infectado pela ômicron pode contaminar 200 pessoas, diz SES-AM

Dado pode ajudar a explicar a explosão de coronavírus no Amazonas na primeira quinzena do ano

Um infectado pela ômicron pode contaminar 200 pessoas, diz SES-AM

Ferreira Gabriel

Publicado em: 15/01/2022 às 14:43 | Atualizado em: 17/01/2022 às 10:53

Enquanto a variante gama ou P1, que atacou na segunda onda do coronavírus no Amazonas, em 2021, tinha taxa de transmissão de 1,01, a ômicron chegou com o dobro dessa potência. Assim, uma pessoa infectada pode espalhar o vírus para outras 200.

Foi o que expôs o secretário de Saúde (SES-AM), Anoar Samad, nesta sexta (14).

“Já prevíamos um aumento exponencial de casos, mas não tão grande. A variante ômicron tem uma transmissibilidade muito elevada e provoca uma quantidade bem menor de quadros graves, mas é diferente de não provocar quadros graves”, afirmou Samad.

Conforme o secretário, o estado sofre neste momento um aumento expressivo na média móvel de casos de covid. A alta é de 1.007%, com maior crescimento em Manaus, de 2.493%. O interior, com 61 municípios, cresceu 211% na média. Os dados, todavia, são referentes ao período de 1º a 13 de janeiro. Desde então, o nível de contaminação continua crescendo a cada dia.

De acordo com Samad, o Amazonas tinha média de 105 casos/dia em 1º de janeiro, e saltou para 952 treze dias depois.

Esses dados foram apresentados pela ao Comitê Intersetorial de Enfrentamento da Covid-19 e nortearam a decisão do governador Wilson Lima (PSC) de novas medidas restritivas. Por exemplo, adiar o início do ano letivo e cancelar o desfile de escolas de samba no carnaval.

Apesar do alto número de infectados a cada dia, no mesmo nível da segunda onda da covid no estado em 2021, os casos confirmados de ocorrência da ômicron são baixos. Permanece em 22.

Segundo a FVS-AM, mais 600 amostras foram enviadas ao laboratório do Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz Amazônia), e os resultados são esperados para breve.

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Ocupação de leitos

Os leitos clínicos ocupados na rede pública apresentaram variação de 391%, saltando de 22 leitos ocupados no dia 3 de dezembro, para 108 na quinta-feira (13/01). Na rede privada, a variação da taxa de ocupação dos leitos clínicos foi de 89%, passando de sete para 17 internações.

Já os leitos de UTI exclusivos para covid-19 apresentaram variação de 119%, saltando de 16 para 35 leitos ocupados.

A SES-AM disse monitorar a taxa de ocupação dos leitos na rede pública e possui estratégias, dentro do Plano de Contingência Estadual de Combate à Covid-19, para ampliar a disponibilidade. Por exemplo, nos hospitais Delphina Aziz, Universitário Getúlio Vargas (HUGV) e Nilton Lins.

Óbitos

De acordo com a secretaria, apesar do avanço das contaminações, a taxa de óbitos por covid é muito abaixo em relação às ondas anteriores.

“Vamos observar como vai se comportar. Esperamos que esse número de internações e óbitos não suba. É importante todo mundo se vacinar, mas não é para ficar apavorado. Por mais que nos quatro últimos dias tenhamos registrado 5 mil casos, nas últimas 24 horas não tivemos nenhum óbito. Todo o Brasil já está sofrendo com a ômicron, há lugares que registram 6 mil casos por dia”, disse Samad.

O boletim divulgado nesta sexta registra 227 pacientes internados, sendo 182 em leitos clínicos (18 na rede privada e 164 na rede pública), 39 em UTI (5 na rede privada e 34 na rede pública) e 6 em sala vermelha.

A situação vacinal dos pacientes internados com a covid-19 aponta que, dos 182 pacientes internados em leitos clínicos, 106 não são vacinados, 19 tem primeira dose, 49 tem as duas doses e 8 tem dose de reforço; dos 39 pacientes em UTI, 22 não são vacinados, 2 primeira dose, 13 tem as duas doses e 2 tem dose de reforço.

Foto: Diego Peres/Secom