Vernissage expõe obras de artistas que se conectam pela diversidade

Exposição "Vernissage Diverso" quer apresentar a simbiose entre expressões artísticas tão diferentes e tão semelhantes

Publicado em: 10/02/2022 às 11:36 | Atualizado em: 10/02/2022 às 11:48

A exposição Vernissage Diverso, que acontece nesta sexta-feira (11), às 19h, no espaço de artes Casa Violeta, reune a arte contemporânea de Henrique Schmeil, Helerson da Maia, Turenko Beça e Raiz Campos.

Conforme os organizadores, o conceito do evento busca o diverso, que se define pelo que não se assemelha, cria conexões quando a ancestralidade e a urbanidade das obras dos artistas coexistem e se completam, originando um emaranhado de formas, cores, estilos e tamanhos.

O propósito do Vernissage Diverso é apresentar a simbiose entre expressões artísticas tão diferentes e tão semelhantes. Diferentes na forma, mas com inspirações, intenções e temáticas que convergem entre si. A Amazônia, ancestral e cosmopolita, por exemplo, é referência nas obras dos  artistas.

Nas fotografias de Schmeil, nos cocares de Helerson, no grafismo dos quadros de Turenko e nos grafittes de Raiz.

A Casa Violeta

Mas, além da genialidade dos artistas o Vernissage promete surpreender pelo local da exposição, que já começa desconstruindo o modelo padrão de galeria.

“É uma casa, que lembra a da avó de tanto aconchego, cercada de plantas e objetos de arte por todos os lados”, dizem os organizadores.

O nome, Casa Violeta, é uma homenagem à nordestina de Jardim de Piranhas (RN), Maria Violeta Freire, que morou em Manaus por várias décadas, inclusive na casa que recebe seu nome.

“A casa, assim como a vida de Violeta, não teve projeto. Elas cresceram naturalmente. Mas, desde que os muros se ergueram a casa virou um refúgio, um santuário. Paredes brancas são a lembrança do mundo imenso, infinito e criativo que existe dentro de cada um de nós”, conta o fotógrafo Henrique Schmeil, que reside atualmente na casa.

Curadoria e apoio

A exposição é uma realização da Casa Violeta, da Odisseia Galeria, de Curitiba (PR), que também faz a curadoria, e da Galeria Verão, com apoio local da loja Fast Frame.

A designer de interiores da galeria odisseia, Thaís Domingues, explica que além de criar pontes para artistas amazonenses, dando visibilidade ao seu trabalho aqui e fora do Amazonas, a intenção com a exposição é também oferecer um espaço ou ambiente mais democrático para se ter contato com a arte.

“Nós queremos que as pessoas venham de chinelo, de bermuda e também de terno. A ideia é que elas acessem esse ambiente. Para isso, estamos tornando os espaços mais acessíveis. Que a arte possa ser acessada em qualquer lugar”, disse.

Sobre os artistas

Henrique Schmeil- Diversidades

Henrique Schmeil, desde o início de sua jornada fotográfica, chamou a atenção para questões globais e sociais. Cidadão do mundo, ativista e de coração africano, como costuma dizer, viajou para a Índia, Bangladesh, Nepal, Vietnã e Tailândia para defender e lutar por meninas vítimas do tráfico sexual.

Em outro momento, percorreu a Tanzânia, Etiópia, Angola, Marrocos, Quênia e Namíbia para ajudar na luta contra a mutilação genital feminina. Inquieto, hoje divide o coração entre o continente africano e o Amazonas.

Henrique Schmeil sempre chamou atenção para questões globais

Fotógrafo de define como ativista de coração africano

Vivendo em Manaus, se dedica a causas locais, “defendendo os direitos humanos básicos de todos os irmãos e irmãs brasileiras, especialmente as comunidades indígenas da Amazônia que vivem em situação de abandono”, explica o fotógrafo.

Nas suas viagens ao redor do mundo Schmeil aprendeu que “a beleza da terra não está nas montanhas e vales, mas nas pessoas que vivem em sua sombra”.

O fotógrafo vai expor cerca de 50 fotografias, sendo 15 emolduradas, de tamanho médio, de um catálogo chamado diversidades. Ele as denomina como cartões postais do mundo real. São fotografias de viagens a diversos países que trazem os contrastes global.

Herlerson Da Maia – Arte plumária

Helerson da Maia nasceu e cresceu em Parintins, berço do maior festival folclórico da América Latina. Daí sua veia artística de multifaces. É artista plástico, figurinista e designer de joias. Sua carreira artística internacional, com destaque para editoriais de moda em Londres e Liverpool, na Inglaterra; Firenze, Bergamo e Veneza, na Itália, lhe renderam larga visão de mundo e autoconhecimento.

Mas, sua escola de artes sempre foi Parintins. Desde cedo integrou os grupos profissionais que produzem os espetáculos dos bois bumbás Garantido e Caprichoso, sendo convidado a atuar em outros festivais, como nas escolas de samba do carnaval do Rio e na cerimônia de abertura das Olimpíadas de 2016.

Inspirados nas tribos indígenas da etnia Caiapós, Maia vai expor 10 cocares emoldurados em painéis brancos contrastando com o colorido das penas.

Helerson da Maia nasceu em Parintins
Maia tem veia artística multifaces

Os cocares são produzidos de forma artesanal, com penas de aves de abate e algumas sintéticas, imitando penas de animais silvestres. São compostos também de cipó, palha, algodão, pedras, cortes de acrílico e madeira.

“Não é um cocar da aldeia indígena. É um cocar semelhante aos das tribos do Festival de Parintins. E embora a gente utilize produtos sintéticos, buscamos originalidade, inclusive utilizando a paleta de cores dos Caiapós”, explica o artista.

Obras são produzidas de forma artesanal

Cocares imitam penas de animais silvestres

Turenko Beça – Ancestral e contemporâneo

Turenko Bessa, natural de Manaus, completou 30 anos de carreira artística no ano passado. Artista plástico, grafiteiro, escultor e desenhista, além de professor universitário, nasceu respirando cultura. Filho do poeta, escritor e um dos fundadores do Clube da Madrugada, Aníbal Bessa, Turenko começou a pintar aos 12 anos, mas somente em 1990 teve sua primeira exposição coletiva.

A partir de 1992 Turenko passou a fazer pesquisa antropológica sobre sociedades indígenas, tema que desde então dedica à sua arte. Tem obras expostas na Pinacoteca do estado e município, Museu da Amazônia (Musa), Museu Xumucuís, no Pará, além de importante acervo particular. Foi diretor dos museus e galerias de artes do estado e  assessor de economia criativa na SEC-AM.

Turenko Bessa é natural de Manaus

Artista completou 30 anos de carreira

Turenko começou a pintar aos 12 anos

Obras tratam da temática habitual do artista a respeito da Amazônia

No Vernissage Diverso Turenko Beça vai expor 10 telas, em sua maioria produzidas em 2022, acrílica sobre tela e no tamanho de 50x60cm. “As obras tratam da minha temática habitual que diz respeito à Amazônia. Ancestralidade e contemporaneidade, questões de deslocamentos, território podem ser percebidas”, explica, dando ênfase à  menção ao amazônida que vive sempre entre o mito e o real, à sabedoria cabocla, aos conhecimentos dos povos originários. “E faço também referência à Manaus e à gente-peixe do rio Tiquié. Eu acho que todos somos gente-peixe”, conceitua.

Raiz Campos – Respeito aos povos nativos

Quem nunca se deparou com uma pintura gigante em grafitti nos viadutos e prédios de Manaus? São obras de Rai Campos, conhecido como Raiz, uma das maiores expressões do grafitti na regiaõ Norte. Nascido na Bahia, mas criado no Amazonas, cresceu na Vila do Pitinga, dentro da área indígena Waimiri Atroari e começou a grafitar aos 14 anos.

Suas peças retratam a fauna, a flora e os povos nativos da Amazônia, tracejados com cores e técnicas mistas em muros, palafitas, casas flutuantes, viadutos de cidades da região e de capitais do país, juntando o ancestral e o moderno, num mesmo movimento

“A minha maior marca está em retratar personagens indígenas em suas atividades habituais, como forma de reconhecimento e respeito aos povos nativos amazônicos”.

Além da trajetória local, o artista participou de festivais nacionais e internacionais, levando sua arte para outros estados brasileiros e países como Uruguai, Estados Unidos e Alemanha. Sua primeira exposição solo foi realizada em 2019 na galeria do largo, onde realizou o trabalho de grafite com grafismo indígena em esteiras indígenas.

No mesmo ano recebeu o prêmio nacional da Fundação Bunge na categoria Arte Visual de Rua – Juventude, em São Paulo, e fora do país recebeu  reconhecimento do Humboldt Fórum, centro de exposições da Alemanha, por seu trabalho de projeções de ciclos anuais com indígenas de São Gabriel da Cachoeira.

No Vernissage, vai apresentar três painéis medindo 209×205 cm, utilizando técnica de grafitti com spray, executada em esteira indígena de fibra natural, confeccionada por artesão indígena da região do alto rio Negro.

Serviço:

O que: Vernissage Diverso

Quando: dia 11/02, ás 19h

Onde: Espaço de artes Casa Violeta (rua Viena, 18 – Planalto)

Mais informações/contatos: (92) 98415-1588 Eneida Marques / (41) 99950-7679 Henrique Schmeil.

Fotos: Divulgação