ZFM: cai produção e exportação de bikes e motos na seca do AM

Abraciclo não culpa estiagem, Cieam pede rapidez na dragagem de rios

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 14/11/2023 às 17:53 | Atualizado em: 14/11/2023 às 17:53

A seca histórica que castiga os rios do Amazonas, causando prejuízo de bilhões, também pode ter atingido o polo industrial da ZFM (Zona Franca de Manaus), em especial o setor de duas rodas.

Isso porque, segundo a Abraciclo, principal entidade do polo de duas rodas da Zona Franca de Manaus, em outubro houve queda de 37,5% na produção de bicicletas e de 4,4% de motos. Os dados são em relação ao mesmo período de 2022.

No mês, as exportações também tiveram queda. No acumulado do ano, as fabricantes instaladas no polo embarcaram 30.426 motocicletas, volume 36,2% inferior às 47.717 unidades registradas no mesmo período de 2022.

Em outubro, as associadas da Abraciclo exportaram 2.016 motocicletas. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, houve queda de 50,2% no volume embarcado (4.047 unidades). Já na comparação com setembro, a alta foi de 60,3% (1.258 motocicletas).

Da mesma forma, as exportações de bicicletas tiveram queda de 20,7%, de janeiro a outubro de 2023, quando foram exportadas 16.771 bicicletas, na comparação com o mesmo período do ano passado (21.139 unidades).

Segundo dados do portal Comex Stat, os principais destinos foram os países do Mercosul: Paraguai, Uruguai e Bolívia.

Leia mais

Seca vai causar rombo de bilhões no faturamento da ZFM neste ano

Ventos positivos

Por outro lado, a Abraciclo informou que houve alta na produção de motocicletas, com volume 10,4% superior no acumulado de dez meses. A produção até outubro, portanto, foi de 1.413.222 unidades.

As fabricantes de motocicletas do polo Industrial da ZFM produziram 1.323.004 unidades no acumulado do ano. A estimativa do setor é de 1.560.000 motocicletas neste ano.

No entanto, admite que, em outubro de 2023, quando foram produzidas 131.331 motocicletas, houve retração de 4,4% na comparação com o mesmo mês do ano passado (137.346 unidades) e de 6,4% em relação a setembro deste ano (140.251 motocicletas).

Operação planejada

Ainda de acordo com a associação, esse é o melhor resultado atingido pelo setor em dez anos. Em 2013, 1.436.029 unidades haviam saído das linhas de montagem.

“A indústria opera dentro do que foi planejado e segue o seu ritmo de produção para atender à demanda do mercado que continua em alta”, disse o presidente da Abraciclo, Marcos Bento.

Produção de bikes

Já a produção de bicicletas no polo industrial de Manaus, atingiu 414.106 unidades no acumulado do ano.

De acordo com a Abraciclo, o volume foi 22,1% inferior às 531.330 bicicletas produzidas no mesmo período do ano passado.

Em outubro, 34.204 unidades saíram das linhas de montagem. Na comparação com o mesmo mês de 2022, o desempenho da indústria caiu 37,5% (54.720 bicicletas). Já em relação a setembro, houve um aumento de 2,9% (33.239 unidades).

Leia mais

Seca no AM pode atrapalhar abastecimento de ar-condicionado e tv no Natal

Preocupações do Cieam

Em nota, a comissão de logística do Centro das Indústrias do Amazonas (Cieam), preocupada com os prejuízos causados pela seca, diz ser fundamental que a dragagem das restrições para o tráfego de navios seja concluída.

Há também uma ansiedade generalizada para que o Dnit divulgue que o rio está liberado para o tráfego com ao menos 8 metros de calado.

“A produção segue sendo escoada da maneira que é possível, pois até hoje não houve a interrupção completa do trânsito logístico, por mais que exista um custo expressivo para as indústrias do polo industrial de Manaus”, diz a nota do Cieam.

Leia mais

Seca no Amazonas: especialistas prevêem prejuízos durante anos

Comércio no Natal

Com respeito ao comércio do Natal, a entidade afirma que a diversidade de produtos do polo industrial é muito ampla e não há como colocar em dúvida esta questão.

Todavia, certamente, várias empresas terão dificuldade para abastecer os mercados com toda a sua carteira de produtos e outras delas terão seu custo extremamente agravados pelos sobrepreços de transporte.

“Estamos ansiosos pela solução das obras emergenciais do governo federal e pela redução dos custos de transporte pelos armadores que transportam contêineres das indústrias do polo industrial”, encerra a nota do Cieam.

Foto: Reprodução