O clamor pela justiça
O autor deste artigo, FlĂ¡vio Lauria, comenta sobre a prisĂ£o do prefeito SimĂ£o Peixoto, afirmando que hĂ¡ limites para a impunidade.

Por FlĂ¡vio Lauria*
Publicado em: 13/03/2023 Ă s 14:15 | Atualizado em: 13/03/2023 Ă s 17:42
NĂ£o hĂ¡ neste paĂs, excetuando-se o prĂ³prio prefeito de Borba e alguns de seus familiares e puxa-sacos, quem nĂ£o clame pela justiça e ache que a prisĂ£o do prefeito foi merecida e que deveria ser mantida.
A prisĂ£o de SimĂ£o que seria usada como mais um exemplo positivo de mudança, foi entĂ£o usada para confirmar a cultura e a sensaĂ§Ă£o de impunidade dominante, foi pedagĂ³gica.
O fato que baseou a decretaĂ§Ă£o da prisĂ£o de Peixoto ocorreu em novembro do ano passado, segundo o desembargador Anselmo ChĂxaro. Na ocasiĂ£o, o polĂtico simulou o espancamento de uma vereadora diante de um grupo de moradores do municĂpio.
Os crimes perpetrados pelo meliante travestido de polĂtico fora a misoginia sĂ£o as graves denĂºncias de envolvimento em desvio de recursos e outras irregularidades – como o famoso UFC contra quem o desafia. A arrogĂ¢ncia, a bravata, a mentira, a impunidade, tudo que de pior incentiva a guerra social voltou a predominar depois das poucas horas que separaram a prisĂ£o do prefeito na semana passada. A ordem de soltura nĂ£o foi concedida pelo STJ, tornando-se assim repito, pedagĂ³gica. NĂ£o se trata de aprovaĂ§Ă£o Ă sua trajetĂ³ria polĂtica, mas de demonstraĂ§Ă£o de que conseguiu manter desinformada a maioria da populaĂ§Ă£o de Borba. Para alcançar tanto sucesso nesta empreitada, SimĂ£o adotou o paternalismo e sufoca todas as tentativas de avanço social do povo de Borba.
Com a manutenĂ§Ă£o da prisĂ£o, a crença de que no Brasil as ações da Justiça continuam regidas pela polĂtica dos trĂªs pĂªs, de pobre, preto e prostituta (no seu sinĂ´nimo mais pejorativo), nĂ£o Ă© verdadeira. A tradiĂ§Ă£o nacional de que sĂ³ quem se enquadra num destes perfis acabarĂ¡ preso e condenado torna-se cada vez mais fraca, e nĂ£o se tem notĂcia de nenhuma iniciativa destinada a contestar a sabedoria popular. Os fatos vĂªm demonstrando que hĂ¡ limites para a impunidade, pois essa condenaĂ§Ă£o levou para a cadeia o que se acha superior, principalmente quando se trata de mulheres.
*O autor Ă© professor universitĂ¡rio, administrador com mestrado e doutorado em AdministraĂ§Ă£o, especializaĂ§Ă£o em Economia, escreve em blogs jornais e Facebook. Mais de 1800 artigos versando sobre diversos assuntos.
Foto/ilustrativa: BNC Amazonas