O tempo

O tempo Ă© nosso e seus reflexos sĂ£o coisas criadas pela nossa prĂ³pria imagem

Por LĂºcio Carril

Publicado em: 30/12/2021 Ă s 13:30 | Atualizado em: 30/12/2021 Ă s 13:52

Sincronicamente descompassado, diacronicamente oposto, o tempo consome a vida e a imagem, num movimento lento e frenĂ©tico, em retas e curvas, em idas e vindas, nĂ£o necessariamente nessa ordem, mas numa incessante desordem, que se recria na ordem e no caos.

A estĂ©tica Ă© do conflito, onde os contrĂ¡rios se reconhecem e se constroem na contĂ­nua luta. As contradições assumem seu lugar na natureza e na histĂ³ria e ninguĂ©m mais toma dois banhos no mesmo rio.

A vida se rebela contra a monotonia sincrĂ´nica e nĂ£o cessa na diacronia frustrada. A cada dia toma forma de movimentos absurdos, porĂ©m explicados pelo pensamento complexo de Edgar Morin.

E o tempo vai passando enquanto deixamos. O tempo nĂ£o para e nada do que foi serĂ¡ do jeito que jĂ¡ foi um dia, se assim quisermos. O tempo Ă© nosso e seus reflexos sĂ£o coisas criadas pela nossa prĂ³pria imagem. NĂ£o existe tempo livre, nem tempo aprisionado, O que existe Ă© o conflito, a recriaĂ§Ă£o, a desconstruĂ§Ă£o, a frustraĂ§Ă£o, o descontrole.

Vivemos no nosso tempo, mas o tempo nĂ£o vive a nossa vida. A vida cria os caminhos do tempo e esse tempo se recria na vida, que se recria no tempo, que se recria na vida…

O ano Ă© uma metĂ¡fora do tempo. O dia Ă© uma prisĂ£o inventada, cujas grades sĂ£o as horas e os minutos do poder. Eles, os mais espertos, dominam o tempo e o colocam a seu serviço. NĂ³s, os donos da força, construĂ­mos o tempo que se busca dominar. Um minuto desses, uma hora dessas, dominaremos o tempo criado para tornĂ¡-lo tempo de vida, de esperança e de amor .

Feliz 2022

O autor Ă© sociĂ³logo.

Foto: ReproduĂ§Ă£o/ Obviousmag