Acionistas da Petrobrás ingressam no Cade contra venda da Reman

Ipiranga, Raizen e Equador, as maiores empresas de energia da região, também ingressaram no Cade contra a venda

Acionistas da Petrobrás ingressam no Cade contra venda da Reman

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 15/08/2022 às 19:00 | Atualizado em: 15/08/2022 às 19:26

A Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobrás (Anapetro) ingressou com recurso de terceiro interessado no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) contra a chancela da venda Refinaria de Manaus Isaac Sabbá (Reman).

De acordo com a Federação Única dos Petroleiros (FUP), a situação se mostra tão grave que a Ipiranga, Raizen e Equador, as maiores empresas de energia da região, também ingressaram no Cade contra a venda.

“A venda da Reman vem sendo discutida no Cade pelos graves riscos de formação de um monopólio privado de refino e logística no estado do Amazonas que pode gerar graves impactos ao mercado de óleo e gás na região Norte e afetar seus mercados consumidores”, diz nota da FUP.

A Anapetro, que é representada pela Advocacia Garcez, protocolou recurso a partir de informações levantadas pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) e Tribunal de Contas da União (TCU).

Nele, o Ineep acusa que a Reman foi vendida pela Petrobrás para a Atem Distribuidora por 70% do valor justo do ativo.

A venda foi fechada por US$ 189 milhões, mas os cálculos do Ineep concluem que deveria ser, no mínimo, de US$ 279 milhões.

“Os dados revelam que a Reman tem um potencial importante de geração de caixa futura, o que, pelas premissas que achamos adequadas, pode estar sendo subvalorizada nesse momento de venda”, diz o estudo.

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Estudo

Para realizar o valor da Reman, o Ineep utilizou o método do fluxo de caixa descontado, que se baseia no valor presente dos fluxos de caixa, projetando-os para futuro.

Do resultado, são descontadas: taxa que reflete o risco do negócio, despesas de capital (investimento em capital fixo) e necessidade adicionais de giro.

O estudo se baseia em dois cenários, considerando um piso cambial de US$ 5,15 e um pico de US$ 5,83. Essa faixa foi adotada em função da alta volatilidade cambial da economia brasileira no cenário de negociação do ativo.

A partir desses dois cenários, e baseando-se nesses piso e pico cambial, o estudo conclui que a refinaria pode valer de US$ 279 milhões a US$ 365 milhões.

Foto: Reprodução /Petrobrás