Alberto Neto é único da bancada do AM a apoiar Bolsonaro sobre isolamento
Deputado federal defende a ideia de Bolsonaro de reabrir escolas, comércio e contra o isolamento social no combate ao coronavírus

Iram Alfaia, de Brasília
Publicado em: 25/03/2020 às 21:41 | Atualizado em: 25/03/2020 às 21:41
Dos 11 parlamentares da bancada do Amazonas no Congresso, sete se posicionaram nesta quarta (25) a respeito das declarações do presidente Jair Bolsonaro a favor da reabertura de escolas, comércio e contra o isolamento social para combater o coronavírus.
Entre eles, o deputado Capitão Alberto Neto (Republicanos) foi o único a apoiar o presidente.
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“No isolamento horizontal foi verificado o comportamento do vírus. Acredito que a gente tem que fazer agora algo progressivo verificando quais são os comércios que já podem abrir (…) A Zona Franca de Manaus não pode parar. O prejuízo econômico pode matar mais do que o coronavírus”, disse ao BNC Amazonas em Brasília.
Outro bolsonarista, o deputado Delegado Pablo (PSL) afirmou que é papel do governo implementar medidas a favor dos trabalhadores e dos empregadores, mas a vida deve estar no foco central.
“Não posso minimizar os riscos de uma doença que atingiu o mundo todo. Ações de atenção à saúde e de socorro à economia devem estar de mãos dadas, pelo bem de todos, hoje e depois que for debelada a pandemia”, afirmou o deputado.
Contraditória
O deputado Sidney Leite (PSD) diz que a declaração de Bolsonaro é contraditória, uma vez que o próprio Ministério da Saúde orienta que as pessoas fiquem em casa.
“Afinal de contas nós aprovamos o estado de calamidade para ele fazer muita coisa, inclusive com relação a economia. Mas não dá para desconsiderar os órgãos técnicos, os pesquisadores e o próprio ministério, a exemplo do que se vê no mundo”, disse.
Segundo ele, o momento exige prudência e o presidente precisa ter serenidade e manter diálogo com todos os setores.
“Quando mais precisamos de um líder que una o país, mais ouvimos um presidente que luta contra inimigos imaginários. O povo preocupado em salvar as pessoas e o presidente preocupado em acirrar disputas políticas”, protestou o deputado Marcelo Ramos (PL).
O deputado diz que angustiante o presidente contraditando o ministro Mandetta (Luiz Henrique, da Saúde) o que confunde a população num momento que o país precisa de segurança.
Sobre o bate-boca entre o presidente e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), mais cedo na videoconferência com governadores do Sudeste, Ramos viu um presidente preocupado com eleições. “É hora de pensar nas pessoas”.
“Enquanto Bolsonaro e Doria brigam entre si, o povo está sofrendo e morrendo devido o coronavirus. É hora de unir esforços, com ações de prevenção e combate à doença”, defendeu o deputado José Ricardo (PT).
Quanto ao pronunciamento do presidente, José Ricardo afirmou que o presidente tem algum problema mental.
“Dezenas de pessoas já morreram e milhares estão infectadas pelo coronavirus. E o presidente critica o fechamento das escolas e do comércio, a quarentena para evitar o avanço da pandemia. Para ele é histeria e uma gripezinha. Interna esse doido”, disse o petista.
Senadores
O senador Plínio Valério (PSDB) também criticou a fala do presidente Bolsonaro.
“Se ele tivesse falado como cidadão, daria para aceitar, mas como chefe da Nação pega mal”, afirmou.
Segundo ele, até há um certo exagero nas medidas tomadas, mas confessa que não entende muito de vigilância sanitária.
“Então obedeço às recomendações das autoridades da área. Sou um senador da República e o declaro tem mais repercussão.”
O senador Eduardo Braga (MDB) disse no Twitter que assinava embaixo da manifestação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
“Reafirmamos e insistimos: não é momento de ataque à imprensa e a outros gestores públicos. É momento de união, de serenidade e equilíbrio. A Nação espera do líder do Executivo, mais do que nunca, transparência, seriedade e responsabilidade”, escreveu Alcolumbre no Twitter.
Os demais parlamentares da bancada foram questionados, mas não responderam até o fechamento da matéria.
Foto: Divulgação