No ensino médio, nenhum estado brasileiro atingiu a meta do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2017. No Amazonas, que nesse ano teve três governadores, por exemplo, o número da rede estadual, que vinha em crescimento de 2013 para 2015 – passou de 3,0 para 3,5 –, apresentou redução de 3,5 para 3,3, queda de 6% em relação a última edição.
Assim, o estado nortista, que estava entre os dez melhores do país em 2015, caiu para a 16ª posição. Os dados do Ideb foram apresentados nesta segunda-feira, 3, pelo Ministério da Educação e o pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia vinculada ao MEC, durante coletiva de imprensa, na sede da pasta, em Brasília.
Ao fazer um recorte apenas na rede municipal de Manaus, o Ideb tanto dos anos finais quanto dos anos iniciais do ensino fundamental aumenta gradativamente. Nos anos iniciais, subiu de 5,4, em 2015, para 5,8, em 2017 – a meta era 5,2. Assim, ocupa o nono lugar entre as capitais brasileiras. Já nos anos finais, no mesmo período, passou de 4,3 para 4,7, superando assim a meta de 4,1. Como nos anos iniciais, Manaus também ocupa o nono lugar entre as capitais brasileiras.
Após três edições consecutivas sem alteração, o Ideb do ensino médio avançou apenas 0,1 ponto em 2017. Apesar do crescimento observado, o país está distante da meta projetada. De 3,7 em 2015, atingiu 3,8 em 2017. A meta estabelecida para 2017 é de 4,7. “Foi um crescimento inexpressivo. Estamos muito distantes das metas propostas. É mais uma notícia trágica para o ensino médio do Brasil”, destacou o ministro da Educação, Rossieli Soares.
Até 2015, os resultados do ensino médio, diferentemente do ensino fundamental, eram obtidos a partir de uma amostra de escolas. A partir da edição de 2017, o Saeb passou a ser aplicado a todas as escolas públicas e, por adesão, às escolas privadas. Pela primeira vez o Inep passou a calcular Ideb para as escolas de ensino médio. Apesar do crescimento observado, o país está distante da meta projetada. Neste cenário, cinco estados tiveram redução no valor do Ideb, entre eles o Amazonas. O registro positivo vai para o Espírito Santo, estado com o melhor desempenho no país.
Anos finais
Os resultados do Ideb mostram que, apesar de o país ter melhorado seu desempenho nos anos finais do ensino fundamental, alcançando, em 2017, um índice igual a 4,7, a meta proposta não foi atingida. Das 27 unidades da Federação, 23 aumentaram o Ideb, todavia apenas sete alcançaram a meta proposta para 2017: Amazonas, Rondônia, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Mato Grosso e Goiás. O registro negativo foi a queda do Ideb nos anos finais do ensino fundamental no estado de Minas Gerais.
Os progressos mais expressivos foram alcançados por Amazonas, Ceará e Mato Grosso. No outro extremo, com pouca evolução no Ideb, Amapá, Roraima e Rio Grande do Sul. Cabe também destaque para os estados de Goiás, Santa Catarina, São Paulo e Ceará com os melhores desempenhos nos anos finais do ensino fundamental.
Melhorar o fluxo escolar continua sendo um grande desafio para o Brasil. Comparando as taxas de distorção idade-série para os anos finais do ensino fundamental em 2015 e 2017, Mato Grosso e São Paulo têm um histórico de baixa retenção e, por isso, o indicador é próximo de 10%. No outro extremo, entretanto, há estados com taxas de distorção idade-série superiores a 40%.
Ideb
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, Ideb, é uma iniciativa do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) para mensurar o desempenho do sistema educacional brasileiro a partir da combinação entre a proficiência obtida pelos estudantes em avaliações externas de larga escala (Saeb) e a taxa de aprovação, indicador que tem influência na eficiência do fluxo escolar. Ou seja, na progressão dos estudantes entre etapas/anos na educação básica. Essas duas dimensões, que refletem problemas estruturais da educação básica brasileira, precisam ser aprimoradas para que o país alcance níveis educacionais compatíveis com seu potencial de desenvolvimento e para garantia do direito educacional expresso em nossa constituição federal.