Eram 20h30 do dia 24 de março de 2020. O Amazonas começava a contar seus mortos na maior tragédia sanitária e humana em um século, desde a gripe espanhola (1918).
Geraldo Sávio, 49 anos, empresário do ramo de pesca esportiva de Parintins, transferido dias antes para a capital com crise respiratória, morria de covid-19 (coronavírus).
O contexto mundial da doença era de total ignorância, mas já alimentada, no Brasil, àquela altura, pelo presidente da República.
No Amazonas, a chegada da pandemia havia sido confirmada menos de duas semanas antes da primeira perda. Essa chegada foi anunciada pelas autoridades locais no dia 13 março, uma sexta-feira.
Aqui também, no estado, o ambiente era de incredulidade. Nem mesmo, a família de Sávio acreditava em sua morte, quando o BNC Amazonas deu a notícia às 20h57.
Foi por meio de uma nota de quatro curtos parágrafos com o título: Morre a primeira vítima do coronavírus no Amazonas .
O acesso a essa informação foi tão alto que o site, por alguns minutos, apresentou instabilidade.
Na fanpage do BNC, os primeiros comentários à notícia foram de contestação da notícia em primeira mão .
A dúvida não era de se estranhar.
Mortes, até então, eram realidade apenas entre as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo.
Lá, no Sudeste, já haviam morrido 47 pessoas , até aquele dia 24 de março.
Início da tragédia
A morte de Geraldo Sávio viraria apenas o início da tragédia que se abateria no Amazonas.
O estado hoje já conta um amontoado de corpos da mesma doença que o vitimou.
São 11.836 óbitos e mais de 340 mil casos confirmados do coronavírus.
Parintins (AM), de onde Geraldo Sávio saiu para se tratar em Manaus, segue na liderança no ranking de mortes no interior.
O município já conta 310 mortos e quase nove mil casos confirmados de covid-19.
O mais duro golpe da pandemia, por aqui, ocorreu nos meses de janeiro e fevereiro deste ano. Trata-se da segunda onda do vírus, mais agressiva e mais letal.
Mas, o pior disso é que a terceira onda já está anunciada.
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Foto: Reprodução/Facebook