Arthur ataca Melo e diz: passagem aumentou porque “tá tudo subindo”

Publicado em: 03/02/2017 às 14:52 | Atualizado em: 07/03/2018 às 18:51

Em entrevista à imprensa nesta manhã de sexta, dia 3, o prefeito de Manaus, Arthur Neto (PSDB), negou que tenha prometido na campanha de 2016 que não aumentaria o preço da passagem de ônibus.

“Não tem nada a ver com isso … (fala embolada) … esse aumento não é da campanha … (fala embolada) … que eu ia poupar o povo o máximo que eu pudesse durante o período em que durasse essa crise. Os indicadores econômicos já começam a melhorar”, um detalhe que para ele justificaria o aumento.

O prefeito complementou sua explicação, com mais clareza, quando outro repórter quis saber porque ele autorizou o aumento da tarifa. Confira trechos:

“Porque aumentou carne, aumentou ovo, aumentou aluguel, aumentou tudo … então, você vai deixar quebrar um sistema? … Tudo acaba subindo”.

Nesse momento, Arthur reafirma que o corte do subsídio atrapalhou seus planos, mas o aumento para ele não é tão importante quanto preservar o atual sistema: “ … não contava com esse golpe que o governador acha que foi um golpe bem dado … O importante é não deixar quebrar o sistema”.

Mais discursando do que dando uma entrevista, Arthur fez questão de reacender a polêmica com o governador José Melo (Pros), deixando transparecer que acusou o golpe do corte do subsídio de ICMS do óleo diesel e do IPVA dos ônibus das empresas justamente na sua gestão:

“Eu penso na injustiça que se faz cortando o subsídio que foi concedido pelo governador Eduardo Braga que beneficiou o prefeito Serafim Corrêa, beneficiou o prefeito Amazonino Mendes e estava me beneficiando, até que e o governador resolveu, de uma hora para outra, sem nenhum aviso, nem sei se com legalidade, cortar o subsídio”, disse Arthur.

O reajuste da tarifa de R$ 3 para 3,30 está sendo questionado pelo Ministério Público de Contas (MPC) e Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM). E nesta tarde de sexta está anunciado um ato de protesto por parte da população.

Confira a seguir o áudio e a transcrição da entrevista do prefeito (a partir de 3’08):

 

“Estamos encontrando a solução que seja a mais barata para o povo de Manaus. Houve declaração do governador de quebrar o acordo de subsídio via isenção do ICMS do diesel e do IPVA.

Ele tem lá o modo dele de ver as coisas. Diz que vai jogar esse dinheiro em educação ao invés de jogar na tarifa barata. Ele que nunca pagou nenhum subsídio que foi combinado pelo antecessor dele comigo, que pagava atrasado, mas pagava. Ele nunca pagou; eu sempre paguei por ele. Esse do diesel e do IPVA ele simplesmente de uma hora para outra cortou; acho até que não tem razão jurídica para isso. Não se quebra um contrato assim.

Diz ele que vai empregar em educação … nossa! Saúde, será que saúde é o que a gente viu com essa operação Maus Caminhos? Ele vai empregar isso em segurança pública? Mas, não bastam um bilhão e cem milhões, mais os 25 milhões que pagou este mês para a empresa Umanizzare, que não tomou conta do serviço? Será que não dá para o governador ouvir o apelo das famílias que andam de ônibus e que estão sendo injustiçadas por um ato de vingança?

Eu vou pro provérbio árabe: “Eu o elegi governador, vou pra verdade”.

Segundo provérbio árabe: “Por que me odeias tanto? Será que te fiz algum dia algum favor?”

Eu fico sem entender, mas se quisesse punir a mim, escolhesse alguma forma de me punir pessoalmente. Agora, punir os usuários de ônibus porque não gosta de mim … nem pergunte dele porque não gosta de mim.

Talvez ele esteja incomodado de ser governador que quando eu o peguei tinha dois por cento dos votos e o levei a 60 por cento dos votos de Manaus.

Mas, se não gosta de mim, encontre uma forma de prejudicar a mim, poupe o meu povo, poupe a minha gente, poupe as pessoas que estão sofrendo, estão penando e precisam de melhor transporte coletivo, precisam que a gente implante, e vamos implantar aqui, o BRT, quem sabe o BRT em consórcio com outro modal qualquer que a gente está estudando, mas por favor governador, recue disso. Faça outra coisa, faça macumba se o senhor quiser, vá, vá, vá pra encruzilhada e espete o bonequinho com a minha cara. Agora, não faça mal ao meu povo. Eu estou aqui às ordens para sua maldade. Deixe o povo aliviado, por favor.

Não tem nada a ver com isso … (fala embolada) … esse aumento não é da campanha … (fala embolada) … foi dizer que eu ia poupar o povo o máximo que eu pudesse durante o período em que durasse essa crise. Os indicadores econômicos já começam a melhorar. E outra coisa: o sistema arrebenta, não dá para deixar quebrar o sistema.

O governador na campanha não prometeu que ia gerir os acidentes nos presídios. Na campanha, e é por isso que eu votei nele, ele não prometeu que ia tratar de maneira tão precária a saúde pública estadual. Ele prometeu isso tudo e não quero ficar em bate-boca com ele. Sabe por quê?

Escolheram o governador para bater boca comigo por uma razão bem simples: ele não tem perspectiva de poder, ele não sabe até quando fica no governo, ele não tem o que perder. Então, querem jogar contra mim uma pessoa que não tem o que perder, imaginando que eu tenho o que perder,  porque tão pensando em eleição de 2018. Eu estou pensando em 2017, ano letivo iniciando agora, trabalho, luta, parceria com o prefeito Marcos Rotta e muito amor por Manaus. Eles que pensem em eleição à vontade.

Eu penso na injustiça que se faz cortando o subsídio que foi concedido pelo governador Eduardo Braga que beneficiou o prefeito Serafim Corrêa, beneficiou o prefeito Amazonino Mendes e estava me beneficiando até que o governador resolveu, de uma hora para outra, sem nenhum aviso, nem sei se com legalidade, resolveu cortar o subsídio.

Pôxa, meu Deus do céu, faça comigo alguma coisa! Eu, por exemplo, gosto de ler. Mande pegar tudo que é livro que tem na minha casa … é uma tortura pra mim. Agora, não faça maldade de cobrar mais dinheiro, inventar uma “tarifa Melo”, uma tarifa que seja da maldade dele contra o povo pra gente não deixar quebrar o sistema.

Eu faço um apelo a ele, com muita humildade: “Governador, recue, recue. O que o senhor fez foi uma tolice muito grande. Foi um gesto pequeno, um gesto de vendita, não sei por quê. O que lhe fiz? Talvez o apoio que lhe dei na eleição. Não sei o que lhe fiz, mas recue. É uma questão de … (incompreensível). Respeite o povo, que mesmo sem conhecê-lo, o elegeu confiando em mim. Respeite esse povo. Por esse povo eu vou à luta até às ultimíssimas consequências.

A prerrogativa de aumentar ou baixar a tarifa é do prefeito, e de mais ninguém. Do prefeito e de mais ninguém (enfatizou). Isso tem de ficar bem claro uma vez que não passa pela cabeça de uma análise mais profunda. Então, as respostas serão todas dadas, mas nós estamos fazendo o impossível para fazer o mínimo de custo adicional ao usuário e o máximo de poupança para ele. E nisso é fundamental que o governador Melo recue dessa tresloucada atitude de cortar o subsídio sobre o óleo diesel, sobre o IPVA.

Não sei o que eles perguntaram (TCE), mas não se abre mão de uma prerrogativa, eu não me meto nas coisas de outros. Então, aumentar ou baixar tarifa é prerrogativa do prefeito. Isso vai ficar patenteado com muita clareza porque esse é o veredicto da Justiça.

Porque aumentou carne, aumentou ovo, aumentou aluguel, aumentou tudo … então, você vai deixar quebrar um sistema? Eu aumentei em 10 centavos, em 10 por cento (corrigiu), 30 centavos, a passagem … estou me propondo a fazer um subsídio muito grande, e não contava com esse golpe que o governador acha que foi um golpe bem dado, eu não consigo ver assim, mas tudo acaba subindo. O importante é não deixar quebrar o sistema. Sistema quebrado significa caos na cidade. E eu tenho o dever de não deixar que a cidade entre em caos”.  

 

Foto: Reprodução/TV