O prefeito de Manaus Arthur Neto (PSDB) afirmou que a decisão do governador Wilson Lima (PSC) de reabrir o comércio a partir de 1º de junho “é prematura”.
A declaração foi dada nesta quarta-feira, dia 27, durante reunião virtual com o prefeito de Miami, Francis Suarez, e o vice-prefeito de Segurança Pública de Los Angeles, Jeff Gorrel.
O encontro foi promovido pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP) com o objetivo de trocar experiências sobre o combate à Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus.
“Eu não estou convencido de que reabertura das atividades econômicas sejam benéficas neste momento. O governador [do Amazonas, Wilson Lima] propõe a reabertura a partir de 1º de junho , mas eu considero uma decisão prematura. Não houve preparação para isso”, afirmou o prefeito, que teme uma retomada na curva de contágio em proporções maiores e mais letais em todo o Estado, com reflexos muito negativos para Manaus.
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“Se fosse uma realidade isolada, eu diria que Manaus está controlada. Mas não é. O interior é desvalido, não tem estrutura. E tem as populações tradicionais, como os povos indígenas. Então, temo que, em Manaus, soframos uma segunda onda, que poderia ser muito mais grave que a primeira”, reforçou. “
No momento, vivemos uma contradição: o número de mortes caiu, mas o número de pessoas infectadas aumentou”, frisou.
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As três cidades representadas na conferência coincidem em ter apresentado números grandes de infectados e de mortalidade e de terem adotados medidas rígidas para o isolamento social.
“Tivemos que adotar medidas drásticas, criar a cultura do isolamento. Fechamos escolas, comércio, convencemos as pessoas que era necessário ficar em casa, que era necessário usar máscaras”, disse Gorrel, cuja cidade – Los Angeles – é um destino turístico importante.
O mesmo ocorre com a cidade de Miami, cujo fluxo de turistas é de 15 milhões de pessoas, três vezes mais que a população de todo o Estado da Flórida.
Isolamento
Arthur Virgílio, como os demais prefeitos, defendeu que o isolamento social é a principal medida no combate à Covid-19 e lamentou a falta de entrosamento entre os entes governamentais para combater a pandemia.
Ele voltou a fazer críticas ao presidente Jair Bolsonaro, que adota “uma pregação incessante contra o isolamento social, minimizando a Covid-19 como uma gripezinha”, citou.
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Embora os prefeitos das cidades americanas também tenham afirmado que houve uma “mensagem truncada” vindo da Casa Branca, eles listaram uma série de ajudas financeiras para o enfrentamento da pandemia. “Aqui, tivemos uma reunião com o Ministério da Saúde e foi sinalizado uma verba para ajudar Estados e municípios, e até agora, nada”, afirmou o prefeito de Manaus.
Recuperação da economia
Os prefeitos americanos temem que os reforços financeiros destinados à recuperação das economias locais pós-pandemia venham contaminados pelas cores partidárias. O mesmo que pode ocorrer no Brasil, com municípios “amigos” sendo privilegiados e os adversários relegados.
“O governo Central não está se preocupando tanto com destino das pessoas. Nós tivemos uma queda de 5% a 7% do PIB e não sei o que será no próximo ano. Eu tenho pena dos próximos prefeitos, porque eles pegarão uma severa recessão, seguida de uma outra que durou 30 meses”, advertiu Arthur Virgílio.