Arthur diz não crer em “molecagem” de ministro por indireta

Publicado em: 30/07/2017 às 11:44 | Atualizado em: 01/08/2017 às 09:40
Para o prefeito de Manaus, Arthur Neto (PSDB), apoiador da campanha de Amazonino Mendes (PDT) ao Governo do Amazonas, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski vai praticar uma “molecagem” se ceder aos desejos do governador interino David Almeida (PSD) e transformar a eleição direta, a uma semana da votação, em indireta.
É que David estaria espalhando a aliados que Lewandowski vai tomar essa decisão pelas indiretas no próximo dia 3, no retorno das atividades do poder Judiciário.
Uma decisão nesse sentido significaria que o governador tampão não seria escolhido pelo cidadão, e sim pelos deputados estaduais da Assembleia Legislativa (ALE-AM), da qual David Almeida é o presidente licenciado.
A análise de Arthur se prende a dois fatos principais: a liderança folgada que Amazonino vem apresentando nas pesquisas eleitorais e os altos gastos que a Justiça Eleitoral já fez, com um esforço elogiado pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, para realizar o pleito em um estado de distâncias continentais em tão pouco tempo.
Lewandowski é o ministro que suspendeu o andamento da eleição suplementar no dia 28 de junho, liminar derrubada por Celso de Mello no dia 6 deste mês. Leia a notícia completa no portal Diário do Poder.
Sobre este assunto, neste domingo, dia 30, o prefeito Arthur Neto postou em seu Facebook uma carta endereçada ao ministro, dizendo que o governador do Amazonas está usando levianamente o nome do magistrado. Leia abaixo o conteúdo.
Carta do prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto ao ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, alardeando sobre a instabilidade instalada no Amazonas com o uso irresponsável do nome do eminente magistrado acerca das Eleições suplementares para governador.
Prezado ministro Ricardo Lewandowski,
O deputado David Almeida, presidente da Assembleia Legislativa e governador tampão, usa levianamente o seu nome, “antecipando” aos quatro ventos que, no dia 3 próximo, o senhor tornaria a suspender as eleições diretas para governador, marcadas para o dia 6 deste mês. Círculos próximos ao interino envolvem um certo dr. Gustavo, advogado da causa inglória de trocar o voto popular pela opinião de 24 deputados. Estamos às portas de uma eleição. A justiça eleitoral já despendeu vultosos recursos para fazer face à complicada logística do meu Estado. Os candidatos pararam suas vidas, fizeram gastos, contrataram profissionais e serviços vários. O povo entenderia como afronta impedi-lo de escolher. A Assembleia é obviamente necessária à democracia… porém, mais obviamente ainda, sua legitimidade não é maior que a do poder original e primeiro, que está no título de eleitor e na urna. A democracia tem permitido que venham à luz as aberrações que temos presenciado. A ditadura escondia, pela força, os crimes e as negociatas que se praticavam contra a nação. Logo, voto popular, sim; “colégio eleitoral, não”.
O Amazonas vive o caos que lhe legou a prática organizada da corrupção. E o governador tampão apenas tem contribuído para agravar esse quadro lamentável. Vive a fixação de se manter no poder a qualquer preço, esquecendo-se de que o destino lhe reservara a missão nobre de dar início ao processo de normalização de um estado que sangra dolorosamente. Seus dias são desperdiçados batendo perna em caríssimos escritórios de advocacia de Brasília. Seus dias são perdidos, inclusive, quando difama um ministro do STF, que sempre respeitei e estimei, apregoando que “está tudo certo para o dia 3 e o cancelamento das eleições diretas”.
Escrevo-lhe, caro ministro, convicto de que agi acertadamente ao recebê-lo em meu gabinete de senador e em articular votos que o guindaram à mais elevada corte deste país. Não aceito vê-lo arrastado, tenho certeza de que inocentemente!, à convivência promíscua com negocistas da baixa política, seja diretamente, seja por meio de intermediações de cor cinza. Conte com minha solidariedade nesse campo, porque, repito!, jamais poderia acreditar na boataria, certamente sem crédito, espalhada por figuras despidas de qualquer eiva de credibilidade.
Tentei falar-lhe ao telefone inúmeras vezes, assim como lhe deixei mensagens via SMS e WhatsApp. Como não obtive retorno, recorri a este meio para lhe passar o clima de angústia e incerteza que aflige os brasileiros que dedicam suas vidas ao Amazonas.
Muito cordialmente,
Arthur Virgílio Neto
Manaus, 30 de julho de 2017
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Foto: BNC