Áudios que circularam nesta terça-feira, 29, revelam como o coronel Alfredo Menezes, pré-candidato a senador, manipula o compadre dele, o presidente Jair Bolsonaro, contra Manaus e o Estado do Amazonas.
Quem se jacta com isso é o próprio Menezes. Ele se gaba ao falar que está dando, direto, “porrada”, em David Almeida.
“Eu estou dando porrada no prefeito, direto, dando umas porradinhas nele. Tirei ele da mesa do presidente. Eu tirei mesmo e mandei colocar na mesa que foi eu que tirei”.
Ele disse que fez a mesma coisa com a bancada federal do Amazonas. “Eu que tirei a bancada, pra entender e respeitar”, elogiou-se.
Referindo-se ao prefeito, ele continua.
“Ele precisa saber que quem manda nesses filhos da putas é um sem mandato. E acabou. E acabou. Tirei eles mesmo. Eu coloquei pra frente e tirei da frente. Falei pro presidente isso. O presidente concordou comigo”, disse, arrematando:
“Então, foda-se, meu irmão, eu quero que se foda”.
Nesse trecho do áudio, o coronel Menezes expõe preconceito com os moradores do bairro Morro da Liberdade, onde nasceu David, mostrando ser melhor que o prefeito por ter se criado no bairro Alvorada.
“Esse cara criado no Morro, ele precisa saber quem é que (inaudível) manda”.
Promessa não cumprida
No ano passado, o presidente Jair Bolsonaro prometeu liberar para Manaus uma verba de R$ 1,15 bilhão.
A promessa foi feita no fim de novembro, cinco meses após sinalizar com o recurso.
O dinheiro seria para investimentos em infraestrutura, habitação, transporte, turismo e outros setores.
De lá para cá, nada aconteceu. Manaus continua sem o aporte federal.
É fato e publicamente notório que o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), passou a esticar a corda com o Planalto, depois de ter ficado no vácuo.
Isso é tão público que quando Bolsonaro editou decreto de redução do IPI , prejudicando a Zona Franca de Manaus (ZFM), David reagiu rispidamente ao presidente.
Na ocasião, ele disse que era com indignação que recebia a notícia.
IPI
O episódio que envolveu a bancada federal do Amazonas foi o da reunião que Bolsonaro desafiou os parlamentares amazonenses e depois cancelou a agenda.
Ameaça de Morte
Nesse mesmo áudio, Menezes também fala em matar o delegado Costa e Silva, político que foi seu vice em 2020, quando disputou a Prefeitura de Manaus.
“O Costa rompeu comigo. Não veio falar comigo que ia embora, porque ele não teve caráter pra isso e começou a falar mal de mim”, disse, chamando o ex-aliado de “filho da puta”.
Depois disso, ele reclama que Costa e Silva se queixava que ele queria se aproveitar das pessoas e que ele só chegava em evento pronto.
“Não é verdade. Eu não posso admitir Isso. Eu não posso admitir isso. Um cara desse eu não quero ter do meu lado, combatendo comigo. Ele vai me matar? Então, eu mato logo ele, pra tirar essa preocupação”.
Mágoa
No áudio, há ainda um trecho no qual o coronel revela que está em guerra com o deputado federal Alberto Neto.
E mostra que é uma mágoa da eleição de 2020, quando se candidatou a prefeito e Alberto Neto, também.
“Ele ganhou dinheiro com isso”, acusou.
Menezes viajando
No fim da noite de ontem, Menezes soltou nota mostrando que a polêmica que resultou no vazamento do áudio já foi resolvida.
“Ao contrário do que vem se propagando em grupos da internet que os Movimentos de Direita e Conservadores do estado do Amazonas estariam rompidos, a verdade é que a direita está unida e coesa para as eleições de 2022 e tudo não passa de especulação”.
Ele minimizou a gravidade do conteúdo das gravações.
“Quando me pronuncio, uso minhas redes sociais e não preciso de interlocutores para dizer o que eu penso. O que nós queríamos já conseguimos que é unir os movimentos que apoiam a reeleição do presidente Bolsonaro”, disse.
Passado
Quem também se pronunciou sobre os áudios foi o deputado Alberto Neto.
Segundo ele, o conteúdo do áudio ficou no passado.
“Esses áudios ficaram no passado. As arestas foram aparadas e a Direita está mais do que nunca unida para a campanha do Presidente Jair Messias Bolsonaro”, comentou.
Ouça o áudio