A bancada de deputados federais do Amazonas negou que o Palácio do Planalto esteja fazendo qualquer tipo de pressão para que os parlamentares declarem voto ao deputado Arthur Lira (PP-AL), candidato a presidente da Câmara. A eleição está marcada para acontecer no próximo dia 1º fevereiro.
Arthur Lira é o líder do governo na Casa e é o candidato declarado do presidente Jair Bolsonaro. Pelas pesquisas e enquetes feitas por sites e blogs de política, o candidato governista é o favorito e pode ter hoje 269 votos.
Para vencer a eleição de presidente da Câmara, em primeiro turno, o candidato precisa ter maioria absoluta do Parlamento, um total de 257 votos.
Durante toda esta semana, houve uma avalanche de denúncias de que governadores, lideranças partidárias e interlocutores do Palácio do Planalto estariam coagindo deputados a se manifestarem publicamente sobre a eleição.
Um dos candidatos a presidente da Câmara, deputado Baleia Rossi (MDB-SP), apoiado pelo atual presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ), chegou a fazer declarações públicas sobre as ameaças de retaliação, perda de cargos e outros benefícios aos seus apoiadores.
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Reações
A primeira reação veio do deputado Marcelo Ramos (PL-AM), candidato a primeiro vice-presidente na chapa de Arthur Lira.
“Quem eu sei que está fazendo isso é a Câmara que demitiu vários servidores de deputados que não apoiam o Baleia (Rossi) e o governador do Ceará. Nossos votos são abertos. Só é olhar o número de deputados nas nossas reuniões. Mesmo os que são de partidos que anunciaram apoio ao Baleia tem participado das nossas reuniões. Quando falta voto sobra desespero e factoide, declarou Ramos.
Compromisso com a ZFM
Quem corrobora a negativa é o deputado Capitão Alberto Neto (Republicanos-AM). Vice-líder do governo, o parlamentar diz que a denúncia de Baleia Rossi não procede.
“Sou vice-líder do governo e em nenhum momento o líder ou alguém da governança me ligou pedindo voto para o Arthur Lira. Portanto, essa situação não existe”, declarou Alberto Neto.
O parlamentar conta que Arthur Lira esteve em Manaus, conversou com os deputados e senadores do Amazonas, mostrou sua proposta, o interesse em fortalecer a Zona Franca de Manaus e o desenvolvimento regional.
“E foi pelo mérito dele, pela melhor proposta para o nosso estado que ele vem conquistando os votos da bancada”, disse o vice-líder governista.
O voto do deputado Bosco Saraiva (Solidariedade-AM) favorável a Lira está ligada, também, ao compromisso com a Zona Franca de Manaus. O deputado também negou ter sido pressionado pelo governo.
João Bosco Saraiva Foto: BNC Amazonas
“Eu não recebi pressão de ninguém até porque não me deixo pressionar por quem quer que seja. Meu voto no Arthur Lira decorre de compromisso público assumido por ele, perante nossa bancada federal, a favor dos interesses do estado do Amazonas, notadamente a defesa do modelo de desenvolvimento da Zona Franca de Manaus”, disse Bosco Saraiva.
Fake news
Dizendo desconhecer qualquer tipo de pressão de governador, do Palácio de Planalto ou de quem quer que seja para votar em Arthur Lira, o deputado Silas Câmara (Republicanos-AM) classificou as denúncias com “uma tremenda fake news”.
Assim como o deputado Sidney Leite que também disse ao BNC Amazona s não ter recebido nenhum tipo de coação para votar no candidato de Bolsonaro.
Voto aberto ou fechado
Outro debate que veio à tona durante esta semana foi a possibilidade de a eleição na Câmara e no Senado ser realizada por meio de voto aberto e não mais secreto.
Entre os deputados do Amazonas ouvidos pelo BNC , somente Bosco Saraiva disse que é indiferente com relação a essa questão. Para ele, tanto faz ser voto aberto ou fechado,
Para Sidney Leite, a regra da eleição está definida e não se pode mudar por mera questão de opinião.
“Só não dá pra mudar a regra no meio do jogo. Antes de começar o processo eleitoral, todos os 513 deputados já tinham conhecimento do processo”, ponderou o parlamentar. Da mesma forma pensa o deputado Marcelo Ramos.
Voto universal secreto
Ao opinar sobre o tipo de voto na eleição do Congresso, Silas Câmara diz ser contra o voto aberto. Para ele, o voto deve ser secreto porque é assim que o Regimento Interno determina.
Deputado Silas Câmara é contra o voto aberto Foto: divulgação
“Se o sufrágio universal é secreto e o STF sequer aceita que a urna solte um comprovante para conferir, por que no Congresso deputados e senadores deveriam votar aberto?”, questiona o parlamentar.
Para Silas, o voto aberto descompensa a democracia. “Portanto, não é justo o deputado e o senador não terem liberdade, por consciência, escolher o melhor para dirigir a sua casa”, argumentou.
Foto: Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados